Em Chaves, o sistema solar desceu à Terra

A propósito da Semana Mundial do Espaço, apresentamos-te um planetário único. Espalhado pela malha urbana flaviense, dá-te ideia das dimensões do sistema solar.

Mário Veloso é engenheiro. Mas – dizemos nós -, poderia também ter sido astrónomo. A astronomia fascina-o desde jovem, como podes perceber melhor nesta entrevista que deu ao Jornalíssimo.

Nela, Mário Veloso conta como se foi surpreendendo, aos poucos, com as dimensões dos planetas. O que lhe parecia imensamente grande tornava-se, de repente, pequeno, a partir de uma dada perspetiva.

O espanto pela imensidão do Universo tem acompanhado este engenheiro durante a vida. E uma pergunta andou-lhe anos à volta da cabeça, tal como a Terra anda à volta do Sol: “Como é que se poderia sentir as dimensões relativas dos corpos celestes inseridos na imensurável dimensão do Espaço?”.

Um dia fez-se luz. Imaginou uma maquete gigante do Sistema Solar que permitisse a quem a quisesse “explorar” – e “explorar é a palavra certa, porque a maquete construída não se vê com um só olhar – ter noção da imensidão em causa.

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As dimensões exigiam que tal maquete fosse, forçosamente, construída no espaço público. E a oportunidade surgiu um dia, em 2007, quando ficou encarregue de construir uma ponte pedonal na cidade de Chaves. 

A proposta que apresentou foi aceite. Mário Veloso pensou então na escala – “a escala usada para representar o Sistema Solar é de aproximadamente 1 / 2.242.000.000”. Um número com demasiados dígitos para compreenderes?

Mário Veloso dá uma ajuda: nesta escala, “1 milímetro de comprimento da ponte representa a distância real de 2.242 quilómetros”.

Ora aí está, a ponte pedonal é um bom ponto de partida para começares a explorar este peculiar planetário. Ali, encontras de um lado o Sol (a Sul da ponte, na imagem de abertura deste artigo) e, do outro, a Terra (a Norte da ponte).

Entre o Sol e a Terra está, assim, o tabuleiro da ponte, que mede 66,725 metros, ou seja, representa 150.000.000 quilómetros de distância no Sistema Solar – é essa a distância média entre a Terra e o Sol. 

Entre Sol e Terra, em cima do tabuleiro, vais encontrar Mercúrio e Vénus. Descendo as escadas, depois de passares pela Terra, viras à direita e uns metros à frente encontras Marte.

Para chegares ao planeta seguinte vais ter de andar já alguns metros mais: Júpiter fica no Largo do Arrabalde, onde em breve vais poder visitar o Museu das originais Termas Romanas da cidade (‘Aquae Flaviae’, o nome romano) que está prestes a inaugurar.

Saturno fica noutro ponto bem conhecido da cidade, o Jardim do Bacalhau (onde está o Posto de Turismo). Entre Júpiter e Saturno tens de percorrer aquela que é a mais comercial artéria flaviense, a Rua de Santo António.

Até Úrano, a etapa é ligeiramente maior do que a anterior. Fica numa zona chamada Cinochaves, pouco antes de se chegar ao Quartel.

Neptuno e Plutão (este último tinha sido despromovido a planeta-anão aquando da construção do planetário, mas teve igualmente direito a figurar na representação) estão mais afastados do centro da cidade, a pouco mais de 2 e 2,6 quilómetros da ponte pedonal, respetivamente.

Com a ajuda do mapa seguinte, gentilmente cedido ao Jornalíssimo (tal como as imagens que vês na galeria acima) por outro engenheiro fascinado por astronomia, Paulo Coimbra, que também já escreveu sobre este tema no seu blogue, encontras facilmente todos os “planetas”.

Se fores explorar este Planetário, há outro elemento que merece observação atenta. Junto à representação do Sol, também na praça triangular a Sul da ponte pedonal, encontras o “banco das matemáticas”, também concebido pelo Engenheiro Mário Veloso.

Conforme o seu autor explicou ao Jornalíssimo, este banco “pretende ser um incentivo para a compreensão dos conceitos abstratos que estão por de trás das ferramentas matemáticas que foram sendo criadas ao longo dos tempos, e que não podemos esquecer que surgiram porque tiveram como objetivo resolver problemas concretos”.

Terminamos como começámos, a remeter-te para a entrevista de Mário Veloso ao Jornalíssimo, onde podes saber, ainda, um pouco mais sobre este Sistema Solar para explorar com os pés na Terra ou sobre o banco onde quem é apaixonado por matemática e geometria pode voar.

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