Em 2100 quase não haverá branco nas montanhas rochosas do Canadá

Só dez por cento dos glaciares deverão resistir. Será possível evitar o aumento do degelo?

Sinónimo de paisagens geladas e desportos de inverno, as “rockies” são um conhecido ponto turístico do Canadá.

Um estudo publicado este mês na revista Nature Geoscience traz más notícias para estas montanhas que, contando a parte situada nos Estados Unidos, chegam quase aos cinco mil quilómetros de extensão.

No final deste século – concluiu uma equipa de investigadores da University of British Colombia – 90 por cento dos 17 mil glaciares existentes nas montanhas rochosas canadianas em 2005 (altura em que o estudo foi iniciado) deverá ter desaparecido em consequência do aquecimento global.

A investigação debruçou-se sobre o futuro dos glaciares de toda a zona oeste canadiana – uma área de 26 700 quilómetros quadrados (um pouco mais de um quarto da superfície de Portugal continental).

Nem todos os glaciares derreterão de igual modo. Considerando o total estudado, e não apenas as montanhas rochosas, os investigadores estimam que 70 por cento dos glaciares desaparecerão até 2100.

“A PALAVRA NO FUTURO SERÁ ‘ADAPTAÇÃO'”

Evitar o degelo já não é possível, devido à quantidade de dióxido de carbono que se encontra na atmosfera e nos oceanos. “Mesmo que parássemos de poluir agora, ainda haveria um período de aumento das temperaturas do planeta até se notar uma redução”, explica o biólogo marinho José Carlos Caetano Xavier.

Além de fazer subir o nível médio das águas do mar, o especialista em ecologia marinha nas regiões polares, lembra outras consequências do aumento do degelo: “Com mais dióxido de carbono no ar, e sendo ele solúvel, será transferido para as águas, contribuindo para que estas fiquem mais ácidas, afetando os ecossistemas marinhos”.

Caetano Xavier diz que “a palavra no furo será ‘adaptação'”.

Mesmo não sendo já possível evitar o fenómeno, o também professor da Universidade de Coimbra adverte que reduzi-lo está ao nosso alcance.

Como? Fazendo o que já sabemos, mas nem sempre nos lembramos: andando mais de transportes públicos, optando por produtos amigos do ambiente, difundindo informação.

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