Como começou a guerra na Síria?

Milhares de sírios morreram e milhões deixaram o país desde que estalou o conflito, já em 2011.

Para chegar ao momento decisivo que iria mudar a vida de todo um país (e ter sérias repercussões a nível global) é preciso recuar mais de quatro anos e meio, até março de 2011, quando o mundo vivia ainda no rescaldo da Primavera Árabe

Nesse mês, numa cidade síria chamada Deraa, a população saiu à rua, de forma pacífica, para se manifestar contra a detenção de uma dezena de alunos de uma escola local. 

O “crime” cometido pelos estudantes é difícil de compreender no Ocidente, onde as liberdades de expressão e de pensamento são respeitadas e vistas como direitos fundamentais: os jovens foram presos por terem pintado um ‘graffiti’ em que defendiam a queda do regime, opondo-se assim ao ditador sírio que governava (e continua a governar) o país desde 2000, Bashar al-Assad

Nesse protesto em Deera, a par da libertação dos alunos, os manifestantes exigiam, também, um regime democrático na Síria, com mais direitos e liberdades para a população. 

Al-Assad não gostou e mandou as autoridades disparar contra os manifestantes. Morreram quatro pessoas, a que se somou mais uma no dia seguinte, quando as forças policiais voltaram a disparar sobre os civis presentes nos funerais das vítimas.

A forte repressão por parte do governo teve o efeito contrário: de Deera, os protestos alastraram a outras cidades sírias. E subiram de tom. A população que saiu para as ruas em protesto já não queria apenas políticas mais democráticas: exigia a demissão de Bashar al-Asad.

Começou, então, uma guerra civil que não tem ainda fim à vista e que teve um forte impacto sobre a vida dos sírios.

A Organização das Nações Unidas estima que mais de 230 mil pessoas tenham morrido desde 2011 e que mais de dois milhões de sírios (uma boa parte são crianças) se tenham visto forçados a abandonar o país e a procurar refúgio nos países vizinhos e na Europa. 

Podes recordar tudo sobre este tema no guia para entender a crise dos refugiados e na entrevista a Ana Rita Gil, especialista em direitos humanos dos imigrantes.  

 

A Síria ficou dividida e assim permanece até hoje: de um lado al-Assad e os apoiantes do regime, do outro os seus opositores. Estes não são, contudo, uma massa homogénea – dividem-se por centenas de grupos de guerrilheiros rebeldes, partidos políticos, entre outras organizações. 

No norte da Síria, por exemplo, na região onde fica a cidade de Kobane, os combatentes curdos lutam para criar um estado seu, algo que aquele povo há muito ambiciona. 

No início de 2014, o Estado Islâmico que já tinha conquistado uma grande parte do vizinho Iraque (com o objetivo de impor a sua visão radical do Alcorão e aplicar a sua lei extrema à população), ataca também a Síria, alargando a sua área de influência, e tornando ainda mais difícil a situação no país.  

A comunidade internacional organizou-se e fundou uma coligação – liderada pelos Estados Unidos, com o apoio de vários países europeus – para tentar derrubar o Estado Islâmico na Síria (e também no Iraque) através de ataques aéreos.  

Na mensagem em que reivindicou a autoria dos atentados terroristas em Paris, a 13 de novembro passado, o Estado Islâmico fala de uma vingança pelo facto de a França ter participado nessa coligação e enviado caças para participar nos ataques aéreos. 

Se quiseres ver uma experiência de jornalismo imersivo para tentar colocar o espectador no palco dos acontecimentos, a Síria neste caso, clica aqui

Deixa o teu comentário.

O teu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

O seu endereço de email não será publicado.