As dicas do Pedro Agricultor para Fevereiro

Os dias crescem e a primavera aproxima-se. Está na hora de meter mãos à terra.

Por Pedro Rocha (pedroagricultorurbano@gmail.com)*

Diziam vulgarmente os antigos, quando os dias de fevereiro eram mansos para a altura do ano: ‘Fevereiro quente diabo no ventre’, em previsão de um verão muito quente e seco. Mas também havia ditos para o contrário: ‘Fevereiro chuvoso faz o ano formoso!’, garantindo assim a assertividade dos provérbios e o reconhecimento de fiável fonte de sabedoria popular. Outros ditos há, como aquele que reza: “O primeiro de Fevereiro jejuarás, o segundo guardarás e o terceiro é dia de S. Brás; semeia o cebolinho e tê-lo-ás”

MÃOS À HORTA

Por esta altura do ano, com os dias a ficarem mais longos e a primavera a fazer-se anunciar, já deves ter à disposição todos os fatores de que precisas para produzir.
Começa por preparar o solo, introduzindo composto e fazendo correção do pH com calcário (que facilmente encontras em qualquer casa agrícola). A terra fica assim pronta para receber as primeiras culturas.
No caso de horticultura em cama de cultivo (em terraços, telhados, varandas, ou pátios), deves garantir que o substrato contém os nutrientes necessários para um bom crescimento das plantas. Para isso, poderás introduzir composto, usar fertilizantes orgânicos em forma granulada, líquida ou, ainda, substituir parcialmente o substrato do ano anterior por um novo.

SEMENTEIRAS DA PRIMAVERA

A sementeira consiste em fazer germinar a semente, dando origem a uma plântula, que posteriormente será transplantada para a zona definitiva de cultivo. Procura fazer as sementeiras em ambiente controlado, de preferência numa pequena estufa, bem exposta ao Sol.
Esta é a altura certa para começares a semear tomates, beringelas, courgettes, abóboras e pimentos. Não te esqueças que as plantas necessitam de várias semanas até estarem prontas para transplantação.

PLANTAR NO CAMPO

No campo, quintal ou cama de cultivo, podes começar já a plantar vários tipos de couve, brócolos, couve-coração, couve-flor, couve-galega, cebola e alho. Aproveita, ainda, para fazer sementeira direta de nabiças, rabanetes e ervilhas. Para ajudar as culturas a crescer melhor, protege-as cobrindo com uma manta térmica.

O ‘FAMOSO’ DE FEVEREIRO: O ALHO

Bilhete de Identidade
Familia: ‘Aliaceae’
Género: ‘Allium’
Espécie: ‘Allium sativum’
Origem: Regiões montanhosas da Ásia Central.

História
Cultivado há mais de 3000 anos na Ásia-Egito, foi um importante alimento na dieta dos construtores das pirâmides de Gizé! Está tradicionalmente associado à culinária da região mediterrânea e asiática. O seu odor intenso confere-lhe uma reputação negativa e, por isso, chegou a ser considerado pela aristocracia egípcia como um alimento grosseiro e impuro.

A Cultura do Alho
O alho costuma ser plantado em dezembro, mas pode, perfeitamente, ser cultivado até fevereiro. Por vezes há, até, vantagem em atrasar a sua cultura.
Na fase inicial (60 a 100 dias), o alho desenvolve a parte foliar. Nesta etapa, a planta necessita de algumas horas de frio, com temperaturas entre os 5 e 10 °C.
Numa segunda fase, dá-se a formação do bolbo. Para que ele se forme, é necessário que a planta seja exposta a um fotoperíodo longo (11 a 15 horas), com temperaturas médias de 18 a 20 °C. Em Portugal, esta fase normalmente inicia-se em finais de Abril.
Para ter bolbos de bom calibre é, contudo, necessário que a planta tenha tido um bom desenvolvimento foliar.

Tens dúvidas?
Podes escrever ao Pedro Agricultor para o endereço eletrónico que está no início deste artigo, indicando o nome e o local de onde escreves. Todos os meses, ele vai responder a duas ou três questões colocadas pelos leitores.

(*) Pedro Rocha nasceu em Espinho em 1976 e cresceu entre as praias da Aguda e os campos de Arcozelo. Em 2000 concluiu o Curso de Ciências do Ambiente e Poluição na Universidade de ‘South Wales’, no Reino Unido e, no mesmo ano, iniciou a atividade profissional na consultora alemã ‘Hydroplan GmbH’, sendo consultor no projeto de desenvolvimento rural em Cabo Verde. Em 2005 começou o projeto de agricultura biológica Raízes, do qual ainda é sócio. Desde 2014 que se dedica à prestação serviços como agricultor urbano e consultor, promovendo novos conceitos de relação entre consumidores e produtor. Podes saber mais sobre a colaboração de Pedro com o JORNALÍSSIMO aqui.

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