Dua Lipa nomeada embaixadora do Kosovo
Em criança, a cantora chegou a viver no país, que atravessa uma situação difícil.
Para descanso de todos os fãs, Dua Lipa não vai deixar a música e trocá-la pelo política. Ser embaixadora ou ser embaixadora honorária são, como se sabe, coisas bem diferentes.
A nomeação que foi concedida recentemente a Dua Lipa não a vai tornar numa especialista e pivô de relações diplomáticas entre países.
O seu papel, como embaixadora honorária, é outro. Ao ser uma representante oficial daquele país, Dua Lipa vai chamar a atenção do mundo para o que se passa no Kosovo. Algo que, aliás, ela já tem vindo a fazer.
Raízes kosovares
Os pais de Dua Lipa são albaneses kosovares da cidade de Pristina, que hoje é a capital daquele país situado na península dos Balcãs.
A cantora, embora tenha crescido em Londres, chegou a viver em Pristina, para onde a família regressou quando ela era adolescente.
A distinção que lhe foi concedida pela presidente do Kosovo, Vjosa Osmani, no início de agosto é também uma forma de reconhecimento pelo trabalho que Dua Lipa tem feito neste domínio.
“O que tens feito pelo povo do Kosovo, consciencializando sobre a República do Kosovo, é incomparável e realmente impagável”, escreveu Osmani, no convite que endereçou à cantora, que tem uma Fundação de caridade no país, a Sunny Hill Foundation.
O que se passa no Kosovo?
Como artista célebre a nível mundial, Dua Lipa pode ajudar o Kosovo a vários níveis. Uma das suas prioridades como embaixadora honorária é fazer pressão junto da comunidade internacional para que os cidadãos kosovares possam viajar pela União Europeia mais facilmente.
Quem a segue no Instagram pode ter lido recentemente a mensagem em que escreveu: “Hoje unimos esforços para pedir aos nossos amigos europeus que ajudem a liberalização de vistos aos cidadãos do Kosovo. Enquanto a União Europeia estabelece fronteiras à volta da nossa liberdade, nós mantemos as nossas aspirações de ser libertados”.
Lipa refere-se ao facto de a União Europeia (UE) impor aos kosovares um visto para poderem viajar livremente na UE. O jornal suíço Swiss Info explica que, hoje em dia, os cidadãos do Kosovo são os únicos entre os habitantes da região dos Balcãs a precisarem de obter um documento especial para entrar no Espaço Schengen (que integra 26 países europeus, 22 dos quais pertencentes à União Europeia).
A obtenção deste visto pode demorar semanas ou mesmo meses e exige o preenchimento de muita documentação.
Quando Dua Lipa, depois da cerimónia em que foi nomeada embaixadora honorária escreveu, também no Instagram, que a juventude do Kosovo merece o direito a viajar livremente e a sonhar em grande, era a esta situação que se referia.
Um pouco de história
Em 1998 e 1999, o Kosovo esteve em guerra com a Sérvia. Nessa altura a Sérvia ainda integrava – junto com Montenegro – a República Federal da Jugoslávia. E o Kosovo era então uma região da Sérvia, situada no sudoeste do seu território.
O Exército de Libertação do Kosovo, constituído maioritariamente por homens de origem albanesa, lutou para conquistar parte da então província da Sérvia. A reação do governo jugoslavo, liderado por Slobodan Milosovic, foi violenta. Mas o Kosovo acabou por conseguir converter-se num território autónomo com o apoio da Organização das Nações Unidas.
Em 2008, o Kosovo acabou mesmo por declarar unilateralmene a sua independência.
Portugal reconheceu a independência do Kosovo logo nesse ano. E desde esse ano também, a Comissão Europeia reconheceu o Kosovo como um potencial candidato a integrar a UE.
Porém, nem todos os Estados reconhecem ao Kosovo o estatuto de páis. Cem países já o fizeram, mas cinco membros da União Europeia (Espanha, Grécia, Roménia, Eslováquia e Chipre) continuam sem o fazer, tal como a Rússia, a Índia, a China ou o Brasil.
Foto: Dua Lipa/Instagram