Um templo na Lua com a arte como religião

A Agência Espacial Europeia desvendou o projeto de um artista espanhol para a cratera Shackleton.

A profissão de artista não é aquela que imediatamente associamos à Estação Espacial Europeia (ESA).

Mas o espanhol Jorge Mañes Rubio é um artista e trabalha de momento na ESA, mais especificamente na ‘Advanced Concepts Team’, que junta profissionais de várias áreas.

A ideia por trás desta Equipa é que se pode fazer um trabalho melhor e mais criativo quando se envolvem pessoas de várias profissões à volta de um mesmo projeto.

E um dos projetos em que a ESA está a trabalhar é o que prevê a instalação de uma base humana na Lua para, a partir do satélite natural da Terra, poder experimentar e fazer novas viagens espaciais.

Jorge Mañes Rubio está também envolvido nesta missão. Desenvolve o seu trabalho artístico em estreita colaboração com os cientistas e o seu propósito é procurar levá-los a refletir sobre as implicações que tem a colonização da Lua e de outros planetas.

 Na residência artística que está a fazer, Rubio projetou a construção de um templo na Lua.

O templo não foi projetado, porém, a pensar em nenhuma religião. Tem antes subjacente a esperança de “um novo começo para a Humanidade”. Rubio vê o seu templo como símbolo de um planeta sem fronteiras, religiões e convenções sociais.

O artista espanhol recorda como é sombria a história da colonização, “por causa de nações e culturas poderosas que tentam impor as suas ideias, a sua religião e o seu estilo de vida”. 


Na sua missão de promover uma ação responsável por parte dos cientistas tenta recordar com este Templo e com toda a filosofia que criou à volta dele, por exemplo, que as bandeiras que foram colocadas pelo Homem no solo lunar ficaram brancas pelas incidências dos raios solares.

Nestas bandeiras que perderam identidade, o artista vê uma mensagem transcendente de união da Humanidade. É isso que ele projeta para a colonização da Lua, uma “possibilidade de repensar conceitos a partir do zero”. 

“O assentamento lunar representa uma oportunidade perfeita para um novo começo, um lugar onde não há convenções sociais, nem nações nem religião”.

A ser construído, e o press release da ESA deixa essa hipótese em aberto, este templo seria a primeira estrutura humana no Espaço erguida sem objetivos funcionais. Pela primeira vez, seria criado um espaço, no Espaço, que “não seria nem para viver, nem para trabalhar ou realizar pesquisas”.

Leopold Summerer, diretor do ACT (a tal Equipa em que o artista foi integrado), considera as discussões com Rubio “muito valiosas”, pois – comenta – “levam a considerar aspectos da exploração humana que normalmente não são considerados pelos cientistas e engenheiros”.

O templo terá 50 metros de altura e uma estrutura em cúpula só possível na Lua, onde a gravidade é seis vezes menor do que na Terra.

Jorge sabe exatamente onde quer que o seu templo fique: junto à cratera de Shackleton, no pólo Sul, numa zona iluminada quase em permanência pela luz solar.

No Templo, artistas poderiam (poderão?) realizar residências e inspiração seria algo que, decerto, não lhes iria (ou irá…) faltar. Rubio reasgou duas aberturas na sua construção: uma virada para a Terra (visível dali de duas em duas semanas) e outra para o Espaço profundo.

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