Austeridade: fim à vista?

A Europa está de olho no Syrisa, muitos acham que Tsipras se vai ver grego para cumprir o que prometeu.

Há dois nomes que hoje estão nas primeiras páginas dos jornais do mundo inteiro. Um é o do partido vencedor das eleições legislativas gregas, o Syriza (significa Coligação de Esquerda Radical); o outro é o do seu líder, Alexis Tsipras, o novo Primeiro-Ministro grego.

A vitória deste partido é histórica. Por várias razões. A que mais nos interessa, já que a Grécia é um país em crise como Portugal – farto também de repetir as palavras “troika”, “desemprego” e “austeridade” – é saber se a sua chegada ao poder vai levar a uma mudança das políticas duras que a União Europeia impôs aos estados-membros a contas com grandes dívidas (e a deles, de quase 322 mil milhões de euros, é ainda maior do que a nossa). Já lá vamos. 

O mais jovem de sempre

Comecemos por falar no que significa esta mudança, grande como o mar mediterrâneo que banha as mais de 600 ilhas e ilhéus gregas, na política do país. Desde logo, esta é a primeira vez em 40 anos, que a Grécia é governada por um novo partido. Até aqui, o partido dos conservadores da Nova Democracia e o dos Socialistas, o Pasok, governaram alternadamente o país situado no Mediterrâneo. O Syriza vem, assim, pôr fim a um bipartidarismo que vigorou durante décadas.

Alexis Tsipras faz, também, história: com 40 anos de idade, o engenheiro civil que não gosta de gravatas é o mais novo Primeiro-Ministro da Grécia de sempre.

Mas há outras razões para que a Europa tenha estado (e vá continuar a estar) de olhos postos na Grécia.

Uma nova Europa?

O Syriza é a primeira força política anti-Troika a ser eleita na Europa e alguns líderes europeus temem que a sua vitória tenha um efeito dominó, ou seja, que outros países venham a eleger partidos que se opõem às políticas de austeridade (como o novo partido espanhol “Podemos”), pondo em causa a estabilidade europeia.

Muitos comentadores veem esta vitória como um “virar de página”, já que a eleição do Syriza vem pôr em causa a forma como a União Europeia tem lidado com a crise.

Alexis Tsipras é contra as políticas de austeridade impostas pela Troika (constituída pelo Banco Central Europeu, o Fundo Monetário Internacional e a Comissão Europeia), que também afetaram duramente países como Portugal e Espanha.

Os extremos tocam-se

O novo líder acha que essas políticas foram responsáveis pela situação dramática que a Grécia vive na atualidade – um terço dos cidadãos gregos encontra-se em risco de pobreza, o desemprego atinge mais de 25 por cento da população.

Tsipras pretende, por isso, que a Europa aceite reduzir a dívida do país para metade, de modo a que a Grécia possa crescer e dar mais qualidade de vida aos seus cidadãos. A grande questão é saber se as instituições europeias estão dispostas a negociar com o novo partido, e de que forma.

Reduzir os impostos, aumentar o salário mínimo e os apoios sociais aos mais carenciados logo no dia seguinte às eleições foram algumas promessas do Syriza. Os gregos estão a contar com isso, apesar de o partido não ter conseguido maioria absoluta (faltou-lhe eleger dois deputados para a alcançar) e ter sido obrigado a aliar-se aos Gregos Independentes. Sendo de direita, este partido tem em comum com o Syriza o facto de ser, também, anti-Troika.

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