Quem são os ‘Rohingya’ e por que fogem da Birmânia?

Os migrantes abandonados em barcos na zona do Estreito de Malaca pertencem a esta minoria étnica.

Os ‘Rohingya’ são um dos povos mais perseguidos do mundo. É assim que as Nações Unidas apresentam este grupo étnico (de mais de um milhão de pessoas), que não é reconhecido pelo país onde tem as suas raízes.

Esse país, que conhecemos por Birmânia, mas cujo nome oficial é República da União de Myanmar, fica no sul do continente asiático e vê-os como imigrantes ilegais do Bangladesh.

O governo de Myanmar nega-se a conceder o estatuto de cidadãos aos cerca de 800 mil ‘Rohingya’ que habitam há séculos na costa ocidental do país, na região de ‘Rakhine’. Ao fazê-lo, impede-os por exemplo de votar, de circular livremente ou de ter acesso à educação.

‘Rakhine’ é não só o nome da região onde vive o povo ‘Rohingya’, como de uma outra etnia que com eles partilha o mesmo território. Os ‘Rakhine’ (que são budistas enquanto que os ‘Rohingya’ são muçulmanos) têm, no entanto, o reconhecimento do governo de Myanmar que os vê como cidadãos de pleno direito.

A tensão entre ‘Rakhine’ e ‘Rohingya’ tem provocado episódios de grande violência. Muitos milhares de membros da minoria étnica vivem em campos de refugiados das Nações Unidas, em Myanmar e no vizinho Bangladesh (como os que vemos nas fotos que ilustram este artigo).

No seu site, a organização ‘Refworld’, que reúne toda a informação respeitante aos refugiados, fala em 200 mil ‘Rohingya’ a viver nestes campos.

Como se percebe, a vida para este povo é tudo menos fácil. Muitos tentam emigrar para outros países, o que os torna alvo fácil de redes de tráfico humano que lhes vendem viagens para países vizinhos, cobrando-lhes elevadas quantias e, como sucedeu recentemente, abandonando-os muitas vezes à sua sorte em barcos no meio do mar.

Por ser um país muçulmano onde muitos milhares de ‘Rohingya’ conseguiram já refúgio ao longo dos últimos anos, a Malásia é um dos destinos principais destes migrantes. Muitos tentam, também, chegar por terra à Tailândia, aventurando-se pela selva.

António Guterres, o Alto-Comissário da ONU para os Refugiados, já veio pedir uma intervenção urgente dos governos asiáticos para que se ponha fim ao abandono de migrantes ‘Rohingya’ na zona que faz a ligação entre os oceanos Índico e Pacífico.

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