Há suspiros de dor, alívio, amor. E de sobrevivência também

Suspirar cumpre uma função vital. Os pulmões sabem-no desde sempre, os cientistas descobriram agora.

Sabes aquela respiração mais profunda acompanhada de uma expiração intensa e de um ligeiro gemido que fazemos geralmente em situações de desconforto, aborrecimento, mas também quando queremos expressar desejo ou alívio?

Pois esse acto, de suspirar, desempenha no nosso organismo um papel fundamental. E se pensas que só suspiramos uma vez por outra, expressando determinados sentimentos e emoções, estás bem enganado.

É científico: o ser humano suspira, em média, doze vezes por hora. De forma involuntária e inconsciente. Se assim não fosse, teríamos problemas, já que esta respiração mais profunda tem impacto nos alvéolos pulmonares.  

Caso já não te recordes, os alvéolos são aquela espécie de favos de mel que temos aos milhões em cada pulmão e que são responsáveis pela ligação entre os sistemas respiratório e circulatório.

Nos alvéolos, o ar que inspiramos passa para o sangue, levando assim o oxigénio às nossas células e, em simultâneo, o sangue liberta o dióxido de carbono que é eliminado depois através da expiração.

Depois desta explicação-relâmpago (vê uma mais detalhada no vídeo abaixo) sobre os alvéolos pulmonares, já podemos avançar para a função vital dos suspiros.

O que acontece é que se não suspirássemos tão frequentemente esses favos, tão minúsculos como fundamentais que são os alvéolos, poderiam colapsar de vez.

Em comunicado, Jack Feldman, um dos investigadores envolvidos no estudo publicado em fevereiro na conceituada revista ‘Nature’, explica que, quando os alvéolos colapsam, “a única forma de inflá-los novamente é suspirar, o que proporciona o dobro do volume de uma respiração normal”.

A pesquisa resulta de uma parceria da UCLA (a Universidade da Califórnia, em Los Angeles) e da Universidade de Stanford, também nos Estados Unidos. O conhecimento é resultado de estudos realizados com ratos, uma espécie com um mecanismo de controlo respiratório parecido ao nosso.

A investigação permitiu perceber melhor como o cérebro controla a nossa respiração. Outro autor, Mark Krasnow, explica este “capítulo” de uma forma simples: no cérebro, a parte que gere a respiração está dividida por pequenos centros de comando. Cada um “funciona como um botão que ativa um tipo diferente de respiração” – um é responsável, por exemplo, pelas respirações normais, outro pelos suspiros.

Os cientistas disseram-se surpreendidos por os suspiros serem regulados por cerca de 200 neurónios – “é o número menor de neurónios que já vimos associados a uma função vital“, elucida Feldman.

As descobertas feitas podem ser uma grande ajuda no desenvolvimento de novos tratamentos para doenças respiratórias.

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