As mulheres nos Jogos Olímpicos
Sabes desde quando há atletas femininas a participar nos Jogos Olímpicos?
Por Rita Nunes (IHC-FCSH-UNL / Comité Olímpico de Portugal)*
A primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna realizou-se na cidade grega de Atenas, em 1896. Nesses Jogos participaram 14 países, num total de 241 atletas, todos eles homens.
Quatro anos mais tarde, nos Jogos Olímpicos de Paris 1900, participaram pela primeira vez 22 mulheres nas modalidades de ténis e golfe.
Charlotte Cooper, Primeira Campeã Olímpica, Jogos Olímpicos de Paris 1900, modalidade Ténis, prova individual (Fonte: BBC.com)
Se foi necessário esperar 16 anos para vermos os primeiros atletas olímpicos portugueses em ação, na V edição realizada em Estocolmo 1912, foi necessário esperar muito mais para se verificar a estreia das atletas femininas.
Dália Cunha, Maria Laura Amorim e Natália Cunha e Silva, Primeiras Atletas Olímpicas Portuguesas, Jogos Olímpicos de Helsínquia 1952 (Fonte: ACOP)
Foi nos Jogos da XV Olimpíada, organizados em Helsínquia (Finlândia), em 1952, que 56 anos após a primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna as atletas portuguesas participaram pela primeira vez.
A delegação portuguesa tinha três atletas femininas: Dália Cunha, Maria Laura Amorim e Natália Cunha e Silva participaram nas provas de ginástica desportiva, hoje designada por ginástica artística.
Mas, se os atletas masculinos, desde a estreia de Portugal (1912) participaram em todas as edições realizadas, o mesmo não se pode dizer das atletas femininas portuguesas, que voltaram a não participar nas edições dos Jogos Olímpicos de 1956, 1972 e 1976.
Rosa Mota, Primeira Campeã Olímpica Portuguesa, Jogos Olímpicos de Seul 1988, na modalidade de Atletismo, prova de maratona (Fonte: Colecção Particular)
De entre todas as participações podemos encontrar edições com maior e menor sucesso. Nas catorze edições com participação feminina destacam-se a obtenção de 6 medalhas, sendo duas delas de ouro, com o respectivo título olímpico alcançado por Rosa Mota, em Seul 1988, na prova de maratona e por Fernanda Ribeiro, em Atlanta 1996, na prova dos 10.000m, ambas na modalidade de Atletismo.
Rosa Mota e Fernanda Ribeiro conquistaram ainda as medalhas de bronze, nas mesmas distâncias, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 1984 e em Sidney 2000 respetivamente.
Fernanda Ribeiro, Campeã Olímpica Portuguesa nos Jogos Olímpicos de Atlanta 1996, na modalidade de Atletismo, prova de 10.000m (Fonte: ACOP)
Vanessa Fernandes nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 conquistou a medalha de Prata na prova de Triatlo e Telma Monteiro, foi a última medalhada portuguesa. Nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, na sua 4.ª participação olímpica, conquistou a medalha de bronze, na categoria de -57Kg, na modalidade de Judo.
A participação feminina nos Jogos Olímpicos tem vindo a aumentar gradualmente ao longo dos tempos. Desde 1900 que se verifica um crescimento quer do número de atletas participantes, quer das modalidades que compõem o quadro competitivo feminino.
Na última edição, nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, participaram aproximadamente 4.700 mulheres, ou seja 45,6% do total de participantes, eram mulheres. Para os próximos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, o Comité Olímpico Internacional pretende aproximar estes números, prevendo uma taxa de participação de 48,8%.
Estes números mostram claramente que os objetivos definidos pelo Comité Olímpico Internacional (COI) no seu documento estratégico – Agenda Olímpica 2020, para se alcançar um equilíbrio de participação entre homens e mulheres (50%) nos Jogos Olímpicos está no bom caminho para ser alcançado.
(*) Publicada ao dia 30 de cada mês, a rubrica “História, Desporto e Olimpismo” é dedicada ao estudo das origens e evolução do desporto e do Movimento Olímpico em Portugal. Resulta de uma parceria entre o Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa (IHC – UNL) e o Jornalíssimo e tem a coordenação científica de Rita Nunes, Diretora do Gabinete de Estudos e Projetos do Comité Olímpico de Portugal e investigadora do IHC.