Uma porta para o desporto, a natureza e as aldeias do Xisto

Na Lousã respira-se o ar puro da Serra com o mesmo nome e relaxa-se em tons de verde.

De Coimbra até à Lousã, pela Estrada da Beira, demora-se entre vinte a vinte e cinco minutos de carro. A estrada tem algumas curvas, mas a viagem é bonita, perto da natureza e da sua incrível paleta de cores.

A Lousã é uma vila grande e a Pousada fica bem perto do centro. Uma vez “pousadas” as malas, podes deixar o carro estacionado e ir a pé explorar a terra: conhecer o bonito edifício dos Paços do Concelho (século XVIII), o Pelourinho, a Igreja Matriz, as casas brasonadas da vila, como o Palácio dos Salazares ou as Casas dos Almeida Serras, o Cineteatro de meados do século passado.

 

Com um vasto espólio etnográfico, o Ecomuseu da Serra da Lousã/Museu Etnográfico Doutor Louzã Henriques merece que entres. A sua exposição permanente aproxima-nos da vida rural como ela era, com a exposição de alfaias e instrumentos agrícolas, e vários núcleos temáticos: da ferraria, da apicultura, do linho e da lã, do pão, da cozinha serrana.

Para conhecer o ex-libris da Lousã, o Castelo, é, no entanto, preciso deixar a vila e mergulhar naquela vegetação luxuriante que, nesta altura de março e abril, fica salpicada de amarelo com as mimosas em flor.

 

Perto da Câmara Municipal começa um percurso pedestre que te leva até lá. Ao fim de três quilómetros encontras este monumento que, no século XI, integrou uma das primeiras linhas defensivas criadas para proteger os acessos a Coimbra e, no século XII, chegou a ser tomado pelos muçulmanos. Hoje, daqui, vês a Ermida da Nossa Senhora da Piedade e uma das muitas piscinas fluviais que esta Serra esconde e que são irresistíveis no Verão.

Se és amante da natureza, não vais resistir a continuar a caminhada. Convém que venhas bem calçado e tragas água e alguma comida porque o percurso até a três das Aldeias do Xisto que ficam perdidas no meio da Serra ainda é longo e tem subidas. Mas Talasnal, Chiqueiro e Casal Novo valem bem a caminhada que, aliás, por si só, já valeria a pena.

 

As aldeias parecem saídas de um conto. As casas de xisto – algumas recuperadas recentemente -, conservam detalhes deliciosos – pequenos nichos, portadas em madeira, vasinhos à entrada.

Assentes sobre o declive da Serra da Lousã (Chiqueiro é menos íngreme que Talasnal e Casal Novo), as casas aninham-se entre a imponente vegetação. Por entre carvalhos, castanheiros, sobreiros centenários podes, com sorte, avistar um dos animais que têm na Serra da Lousã a sua casa: corços, veados, javalis.

Não faltam recantos onde parar para descansar, repor energias e montar um picnic se for o caso.

Na Lousã e envolvente há mais formas, além das caminhadas, de chegar ao final do dia com aquela sensação boa de cansaço físico. A agenda desportiva do município é recheada e podes, ainda, praticar desportos radicais, tais como escalada, rapel, parapente, canyoning, BTT.

Como recompensa tens uma gastronomia de referência à espera. Prova a chanfana, o cabrito, o javali ou o veado num dos vários restaurantes da vila ou no restaurante ao pé do Castelo, o Burgo.

No capítulo dos doces, há também sabores obrigatórios, como a tigelada, o serranito ou o talasnico. Passa pela Pastelaria São Silvestre e pergunta por eles.

Se sobrarem forças para uma saída à noite, Lousã é pequena mas tem grande animação noturna.

Há muitos bares perto da Praceta Sá Carneiro. No ‘Windows Bar’, por exemplo, tens música ao vivo. E podes terminar na “Padaria” a dançar. Nada de confusões, a “Padaria” é a discoteca lousanense!

Se tiveres mais de 18 anos, não te esqueças de provar um Licor Beirão, pois estás na terra onde ele se fabrica.

À volta da Lousã há muito para ver. Não te vão faltar pretextos para ficar mais do que uma ou duas noites. Ou para voltar.

 

No site das Aldeias do Xisto vê outras paragens magníficas que a Serra te reserva. Não precisas de ir a pé até todas. Cada aldeia tem o seu encanto e, como já deu para ver em Chiqueiro, Talasnal e Casal Novo, há umas com mais movimento do que outras.

Na Aldeia do Candal, por exemplo, há um miradouro com uma paisagem inesquecível e uma lojinha onde podes provar sabores típicos da região. Na Aldeia de Cerdeira atravessa-se uma pequena ponte de pedra logo à entrada. Em Ferraria de São João podes ainda acompanhar uma senhora da aldeia a fazer queijo de cabra.

 

Mais perto, tens em Foz de Arouce a ponte medieval, o obelisco em memória do combate de 1811 e a Quinta de Foz de Arouce. O Parque Biológico da Lousã também vale a pena, com a sua quinta pedagógica, um parque de vida selvagem e um labirinto de árvores de fruto. E, claro, quando o tempo aquece tens as inúmeras piscinas e praias fluviais: em Casal de Ermio, em Serpins, em Cabril do Ceira.

Dito isto só nos faltam duas palavras: boa viagem!

Pousada de Juventude da Lousã
Preço: Desde 12€ por noite

FOTOS: 1 – Talasnal, 2 – Pousada de Juventude da Lousã, 3 – Castelo, 4 – Restaurante “ O Burgo” à esquerda e a Praia Fluvial Nossa Sr.ª da Piedade, 5 – Talasnal, 6 – Bar “ O Curral”, Talasnal, 7 – Praia Fluvial Nossa Sr.ª da Piedade.

(*) Este artigo foi escrito no âmbito da parceria entre o Jornalíssimo e as Pousadas de Juventude. Todas as terças publicamos um artigo sobre uma Pousada diferente.

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