O saco de plástico, já era
André da Silva criou um “saco pa-pão”, cem por cento ecológico, quando ainda não se sabia que os de plástico iam ser taxados.
Sem o saber, o Governo português deu uma grande prenda de anos a André da Silva. Ontem, no dia em que completou 35 primaveras, entrou em vigor a nova taxa que faz com que um saco de plástico custe, no mínimo, dez cêntimos.
Há quase dois anos que ele anda a lutar pela causa apontada pelo Ministério do Ambiente para justificar a cobrança obrigatória dos sacos de plástico: diminuir a poluição ambiental.
Há cerca de dois anos, o licenciado em Microbiologia, que tem uma banda que faz música a partir de lixo, os Be-dom, e uma empresa que entrega frescos biológicos ao domicílio, criou o “saco pa-pão”.
Ia à padaria com sacos de pão antigos da avó e começou a ver que muita gente lhes achava graça. Lembrou-se, então, de refrescar o design dos velhinhos sacos de pano e fazer uns novos, o mais amigos do ambiente possível.
O “saco pa-pão” não tem estampagens ou corantes, é feito a partir de sobras de tecido da marca têxtil a que André se juntou para produzir os seus sacos, a NaturaPura, cujo algodão 100% biológico é certificado pelo Rótulo Ecológico Europeu.
Mais de 500 sacos – entre “zãos” (os maiores) e “zinhos” (os mais pequenos) – foram vendidos desde que André iniciou o projeto. A margem de lucro é mínima: “Esta é mais uma iniciativa de ativismo, do que empresarial”, explica ao Jornalíssimo.
O preço médio dos sacos é de €6,90 e €8,50, dependendo do tamanho. Estão à venda em cerca de 30 lojas e padarias do país e também se podem adquirir na página do “saco pa-pão” (sacopapao.wordpress.com). André já enviou vários para o estrangeiro: “o mais longe de todos foi para Macau”, conta.
E nem todos os “sacos pa-pão” são para pão. Já há quem os leve para o ginásio para guardar os pertences ou os use noutro tipo de lojas.
Segundo os cálculos de André, num ano, o “saco pa-pão” ajuda a poupar cerca de 300 sacos de plástico. Poupam-se recursos, energia. Enfim, poupa-se o Planeta.
SABIAS QUE?
– Um português consome, em média, 466 sacos de plástico por ano;
– Com a nova taxa, integrada na Reforma da Fiscalidade Verde, o Governo quer reduzir para 50 o consumo médio de sacos de plástico por habitante/ano;
– Dos 40 milhões de euros que o Estado prevê obter com esta taxa, 17 milhões serão destinados ao Fundo de Conservação da Natureza e à mobilidade sustentável.