Um predador capaz de fazer frente a dinossauros foi descoberto no Algarve
Felizmente para nós é um fóssil, com mais de 200 milhões de anos. O “Metoposaurus Algarvensis” está a despertar curiosidade em todo o mundo.
Dizer que se parece com uma salamandra gigante pode não dar bem ideia do achado arqueológico feito na zona de Loulé, no Algarve. Ao contrário do anfíbio inofensivo que hoje conhecemos, semelhante a uma lagarta, o que foi descoberto no Algarve era um bicho feroz.
Os autores do estudo publicado no Journal of Vertebrate Paleontology, que está a ser notícia em todo o mundo, dão a imagem de uma “salamandra gigante” para apresentar esta criatura que – dizem eles – não destoaria num “filme de monstros”.
O fóssil pertence ao grupo dos metopossauros, a partir do qual evoluíram os anfíbios dos nossos dias (como as salamandras e os sapos) e os traços de “família” justificam a comparação.
Já tinham sido descobertos fósseis deste tipo de animais em África, na América do Norte e noutras partes da Europa. O achado feito no Algarve mostra que a distribuição geográfica deste grupo é maior do que se pensava e permitiu identificar uma nova espécie, com caraterísticas diferentes, a nível da estrutura do crânio (na foto) e mandíbula, das conhecidas até aqui.
As diferenças, porém, são muitas. Basta dizer que o animal, desaparecido há 201 milhões de anos, chegava a atingir os dois metros de comprimento, possuía centenas de dentes afiados numa cabeça que os paleontólogos comparam a uma tampa de sanita.
Em comunicado, Octávio Mateus, paleontólogo da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, um dos autores do estudo, explica a importância da descoberta: “é um achado de uma época da qual conhecemos muito pouco em Portugal, o Triásico (…), altura em que viveram alguns dos primeiros dinossauros”.
Outro autor do artigo científico agora publicado, Steve Brusatte, descreve o bicho como “um predador feroz que os primeiros dinossauros tinham de enfrentar, muito antes dos dias de glória do T Rex e Braschiosaurus”.
Os ossos do animal, que estava no topo da cadeia alimentar, foi descoberto nas rochas do que em tempos foi um lago. A escavação contou com estudantes da Universidade Nova de Lisboa e a preparação laboratorial dos achados ocorreu no Museu da Lourinhã.
Os cientistas não dão o trabalho por terminado. Querem escavar muito mais do que os quatro metros que revelaram ao mundo este achado. Quem sabe, não encontram também vestígios de um pequeno dinossauro.