O que leva um país a mudar de bandeira?

A Nova Zelândia está a viver um animado debate em torno da sua bandeira, prestes a passar à história.

E se um dia um país acorda e deixa de se rever na sua bandeira? Não é a coisa mais comum do mundo, mas acontece.

Depois da II Guerra Mundial, vários países o fizeram, nomeadamente na sequência da alteração do regime político, como a Alemanha ou a Itália, depois da queda dos regimes nazi e fascista, respetivamente.

Mas nem é preciso recuar tantas décadas na História para encontrar exemplos. Desde que entrámos no século XXI já, pelo menos, dez países alteraram a sua bandeira.

Damos-te alguns exemplos:

– A Líbia mudou-a em 2011, quando o regime de Kadhafi caiu: deixou de ser toda verde e recuperou a bandeira da monarquia (imagem 1);

– A bandeira da Venezuela sofreu curiosas alterações em 2006, determinadas pelo governo do presidente Hugo Chávez, que alterou o próprio brasão presente no estandarte – nele, o cavalo que corria para a direita passou a correr para a esquerda (imagem 2, a antiga bandeira e um pormenor do brasão da nova insígnia);

– A Birmânia alterou também o seu maior símbolo em 2010. As razões não são conhecidas, mas pensa-se que por detrás da mudança esteve a opinião de astrólogos, a quem os políticos recorrem com frequência. A nova bandeira acompanhou a mudança do nome oficial do país que passou a designar-se República da União de Mianmar).

A Nova Zelândia ainda não mudou a sua bandeira, mas está a debater o assunto e a envolver toda a população na discussão dessa possibilidade.

Na realidade, é mais do que uma “discussão”: o governo convidou os cidadãos a participarem com ideias de desenhos para a nova bandeira do país, estampando nela símbolos com que os neozelandeses se revejam.

Houve mais de 10 mil propostas! Dessas foram selecionadas, por um júri, primeiro 40 (foto abaixo) e, por fim, quatro (foto acima). São estas que irão ser alvo de um referendo no final deste ano. Os cidadãos deverão eleger aquela em que mais se reveem e, em 2016, serão chamados de novo às urnas para decidir se querem que a bandeira finalista substitua a atual.

Na Nova-Zelândia a questão foi levantada porque a bandeira atual é muito parecida à australiana, gerando frequentes confusões.

Há, no entanto, outras questões: muitos neozelandeses consideram que ela já não reflete os valores do país. Julgam-na ultrapassada. Não apreciam, em particular, a bandeira britânica na parte superior esquerda, uma vez que lhes recorda um passado colonial (a Nova Zelândia foi uma colónia britânica até 1907) que muitos cidadãos querem esquecer.

O debate está longe de ser pacífico, pois há uma percentagem considerável da população que não vê a mudança com bons olhos. É, sobretudo, o caso dos antigos combatentes que fizeram juramento de bandeira.

E a que propostas chegaram os neozelandeses? Pela seleção dá para entender que o júri privilegiou alguns elementos, como o ‘Koru’, um símbolo em espiral do povo maori, que habita o país desde o século XIII, ou a famosa folha de ‘silver fern’ (samambaia) que é usada, também, na bandeira da seleção de raguebi neozelandesa.

Entre os que são apologistas da nova bandeira, há muitos que criticam a seleção das quatro finalistas – dizem que é muito conservadora. Terão a sua razão… Basta pensar numa das bandeiras propostas em que o pequeno pássaro típico do país dispara raios laser pelos olhos.

Em março de 2016, os neo-zelandeses decidiram em referendo manter a bandeira do país. Foi esta a opção de mais de 56% dos eleitores.

(Artigo atualizado a 30 de março de 2016)

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