Por que é que os partidos de esquerda são de esquerda e os partidos de direita são de direita?

“Porque sim” raramente é resposta. Contamos-te a razão pela qual as forças partidárias são identificadas segundo esta dicotomia.

A razão pela qual falamos de partidos de esquerda e de partidos de direita encontra-se naquele que é o momento fundador da nossa História Contemporânea.

Disseste Revolução Francesa? Exatamente. Foi num momento de que todos nos lembramos bem dos livros de História que esta distinção começou a ser feita: os Estados Gerais de maio de 1789, em Versalhes.

Nessa altura, em que o 3º Estado (o povo) se revolta e decide enfrentar os privilégios instalados do 1º Estado (o clero) e do 2º Estado (a nobreza) nasce a distinção de esquerda/direita aplicada à política.

Tem tudo a ver com a distribuição espacial dos diferentes Estados na Assembleia. Enquanto os representantes do clero e da nobreza se sentavam à direita do rei, os representantes do povo sentavam-se à esquerda.

O 3º Estado haveria de pôr fim aos Estados Gerais, mas a distribuição espacial, com os partidários do rei a sentarem-se do lado direito e os restantes do lado esquerdo, prosseguiria na Assembleia Nacional Constituinte, entretanto fundada pelo povo.

Do mesmo modo que os ideais da Revolução Francesa – Liberdade, Igualdade e Fraternidade – alastraram a outros países, também esta dicotomia esquerda/direita extravasou fronteiras e se universalizou. Ao ponto de continuar a dividir as forças políticas ainda hoje, mais de 225 anos passados sobre a Revolução Francesa.

E, a propósito, o que diferencia as forças políticas de esquerda e de direita?

A resposta não é simples. Relaciona-se, sobretudo, com a forma como os partidos de um lado e outro do espectro político encaram o papel do Estado.

Esta questão deu origem a uma interessante discussão na última edição do festival “Literatura em Viagem”, em Matosinhos. O escritor Gonçalo M. Tavares considera, por exemplo, que “a esquerda está a ver sempre pontos de viragem em tudo”, enquanto a direita tende a achar que “se não houver pontos de viragem não há problemas”.

Este é um dos principais conceitos associados a este antagonismo. Mas há outros que se prendem, por exemplo, com o dar mais ou menos liberdade aos cidadãos em questões centrais da vida em sociedade.

Se falarmos de economia, por exemplo, a direita tende a dar mais liberdade aos indivíduos, ao dar, também, mais liberdade ao mercado para funcionar. A esquerda, por sua vez, defende uma maior intervenção do Estado neste campo, de modo a diminuir as desigualdades entre ricos e pobres.

Já se nos centrarmos em questões de moral, a história é diferente: a esquerda dá, por norma, maior liberdade de escolha ao indivíduo do que a direita.

Há quem ache que as diferenças entre os partidos de esquerda e de direita não são claras e até quem defenda que esta diferenciação não faz mais sentido.

Em maio, no tal festival, o escritor Gonçalo M. Tavares defendeu que sim, que a dicotomia tem ainda razão de existir.

Uma coisa é certa: o que diferencia os partidos políticos são as ideias e, afinal, a diferença está na base da Democracia, ao dar ao povo a possibilidade de escolher e distribuir o poder por vários representantes. Bem diferente, portanto, do que acontece em regimes ditatoriais ou monárquicos.

E para ti, esta diferenciação faz ou não faz sentido?

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