E o teu cão ou gato, vai ao cãobeleireiro?

Passámos umas horas num salão de estética para cães e gatos de Elvas, o 4 Patas Cãobeleireiro.

O Simba é um ‘yorkshire’ e veio pôr-se bonito para as férias. Vai para a praia em breve, mas água não é com ele. Nem salgada, nem doce.

Apesar de ser um ‘habituée’ no ‘cãobeleireiro’, Simba fica sempre tenso quando se vê dentro da banheira. E a dona garante que em casa é igual. Mas “porta-se bem”, elogia a ‘cãobeleireira’ Joana Rodrigues, de 27 anos.

 

Mesmo indo para a praia, está visto que o Simba não corre risco de estragar o penteado, porque no mar ele não se mete. Assim, o efeito do corte e dos tratamentos que recebeu durarão mais tempo.

“Vai daqui mais fofinho e arranjadinho, com o pêlo mais tratado e mais suave do que quando toma banho em casa”, nota Marisa Cordeiro, a dona, que pousa com Simba para a fotografia antes de ir embora.

Se o pêlo do Simba fica assim não é por acaso. Ali o trabalho é profissional. Joana Rodrigues fez um curso de Estética Canina e é, também, enfermeira veterinária. Trabalhou numa clínica veterinária antes de decidir montar este salão para cães, que não deixa indiferente quem passar à porta e tiver olfato apurado.

 

O cheiro que vem de dentro do estabelecimento desperta a atenção. E não é que cheire a cão ou a gato (sim, o cabeleireiro é para cães e gatos, de ambos os géneros). Cheira a perfume. Perfume de cão, suave, muito agradável. É aplicado como se de laca se tratasse quando o serviço de estética chega ao fim. 

 

O Verão é a época alta do ‘cãobeleireiro’ e os cortes mais populares nesta altura do ano são curtinhos, para enfrentar as elevadas temperaturas do interior alentejano.

Há os clientes que optam por pêlo curto, ainda, por outra razão. São cães que vão à cidade cortar o cabelo – perdão, o pêlo -, mas vivem no campo. “Com a bicharada convém estarem com o pêlo curtinho”, explica Joana.

 

Enquanto Joana corta o pêlo a Simba, já o Epi, um rafeirinho de dois ou três anos, sai da banheira ao colo de Nadine Nunes, 26 anos, envolto numa toalha. Vai secar o pêlo, sem cuidados de maior porque vai ser tosquiado em seguida. Senão o trabalho com a cardadeira, aquele pente quadrado que se vê na foto, duraria mais tempo para o ‘brushing’ ficar impecável – “permite deixar o pêlo mais farfalhudo e brilhante”, ensina Nadine.

 

A ajudante de ‘cãobeleireiro’ adora o que faz. “Dão-nos muitos mimos”, conta. Mas não esconde que, “de vez em quando, também há mazelas”, revela, mostrando-nos a palma da mão onde tem um arranhão.

Enquanto está a tosquiar ou a cortar o pêlo aos ‘cãolientes’, Joana fecha-lhes por vezes o focinho com a mão para estarem quietos. Mas para alguns isso não basta – “tem de ser com açaime para proteção de ambos”, acrescenta. E muitos têm mesmo de ser presos enquanto Joana os arranja: “alguns estão sempre a tentar saltar” e é fácil ver que, com tesouras e máquinas à mistura, clientes muito irrequietos podem dar azo a acidentes. 

 

Embora em menor número, também há clientes que não fazem “ão, ão”, mas “guau, guau”. São os cães espanhóis que vivem do outro lado da fronteira, em Badajoz, a poucos quilómetros de Elvas.

Joana e Nadine não atendem apenas no ‘cãobeleireiro’. Fazem domicílios, onde os clientes – revela Joana – “por norma portam-se pior”. Nos domicílios, a oferta é limitada, só se fazem tosquias.

 

Para os restantes trabalhos, os cães e gatos têm de se deslocar às instalações do ‘4 Patas Cãobeleireiro’, bem no centro de Elvas. Aí, podem, por exemplo, lavar as orelhas, optar por banhos terapêuticos (destinados àqueles que sofrem com problemas de pele), fazer esvaziamento das glândulas anais.

Os animais mais ousados chegam mesmo a fazer madeixas e até já houve alguns a quem os donos fizeram questão de que não só arranjassem o pêlo, como pintassem as unhas.

 

E que alguns são vaidosos, lá isso são. E têm razões para isso, porque no final os clientes homens levam sempre gravata ao pescoço e as clientes laço. A cadela de Nadine, por exemplo, quando vai tratar de si ao trabalho da dona “à saída abanica-se toda”.

Joana lembra outras reações da bicharada quando fica pronta, geralmente depois de uma hora de cuidados (dependendo do comportamento dos clientes, o tempo dos arranjos varia) – “Uns correm, outros esfregam-se, nota-se bem que ficam aliviados”.

Mas não se pense que ‘cãolientes’ do ‘4 Patas’ só se lavam no Verão. Nada disso! Muitos são fiéis, e visitam Joana e Nadine com alguma frequência. Até porque “muitas raças exigem manutenção mensal”, recorda a jovem empresária. Joana adora o que faz e não esconde – “em geral, gosto mais de animais do que de pessoas”.

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