Em 42 anos, o planeta perdeu mais de metade dos vertebrados
Os dados são da mais importante publicação da WWF, o Relatório Planeta Vivo.
Numa altura em que o mundo vê com preocupação a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e a sua indiferença pelas questões ambientais (o Presidente eleito diz-se cético quanto ao fenómeno do aquecimento global e já levantou a hipótese de não cumprir o acordo ratificado pelos Estados Unidos em Paris no ano passado), a WWF revela números assustadores sobre a vida animal.
Publicado a cada dois anos, o “Relatório Planeta Vivo” (RPV) é a mais importante publicação da WWF.
Segundo o RPV de 2016, entre 1970 e 2012, a população de vertebrados (mamíferos, aves, peixes, anfíbios, répteis) do Planeta sofreu, em média, um decréscimo de 58%.
Os números resultam de informação científica procedente da monitorização de 14 152 populações de animais, pertencentes a 3706 espécies, em todo o mundo.
Os animais de água doce foram as principais vítimas tendo registado uma diminuição de 81%, causada sobretudo pela fragmentação de rios e pela extração de água.
O segundo grupo de animais mais afetado foi o dos terrestres, com uma queda de 38%. Por fim, surgem os animais marinhos com uma diminuição média da população na ordem dos 36% nesse período de 42 anos.
A morte destes animais tem várias causas, todas provocadas pela ação do Homem, transmite o WWF.
A principal ameaça é o desaparecimento e a degradação dos habitats (devido a práticas agrícolas indevidas, à desflorestação, ao aumento da área habitacional e comercial, à poluição, à produção energética ou mineira).
Mas há muitas mais ameaças à vida animal avançadas pelo relatório:
– A sobre-exploração das espécies, devido a atividades de caça insustentáveis;
– A contaminação dos habitats;
– As espécies invasoras que competem por espaço, alimento e recurso com as espécies nativas;
– As alterações climáticas.
Enquanto o número de pessoas a habitar o Planeta aumenta, o número de animais diminui. E os humanos consomem muito mais recursos do que aqueles que a Terra é capaz de repor. Fazia falta um Planeta e meio para suprir todas as nossas necessidades.
O que é preciso fazer para inverter a situação? A WWF dá a resposta na imagem seguinte, retirada do Relatório:
O Relatório da WWF termina, ainda assim, com uma mensagem de esperança, recordando o sucesso da COP 21, em que 195 países chegaram a acordo para reduzir as alterações climáticas. E lembrando o poder da informação: “Nunca, como hoje, compreendemos a dimensão do nosso impacto no Planeta, o modo como os sistemas do meio-ambiente estão interligados e a forma como os podemos gerir”. Informação é poder e, todos juntos, podemos ajudar a criar um planeta sustentável. “Agir é urgente”, alerta a WWF.
De recordar que, desde o passado dia 7 e até ao próximo dia 18 de novembro, representantes de mais de 190 países estão reunidos em Marrocos, na COP 22, a vigésima segunda Cimeira do Clima, em que se procura definir regras de aplicação do acordo histórico alcançado no ano passado.
Sabias que?
A WWF (Fundo Mundial para a Natureza – ‘World Wide Fund for Nature’) é uma organização não-governamental. Presente hoje em cem países, foi uma das primeiras organizações a ser criada para proteger a natureza a nível mundial. Surgiu nos anos 60 e trabalha, sobretudo, com vista à preservação da biodiversidade, luta contra as alterações climáticas e promove a redução da nossa pegada ecológica.