Rinoceronte: o que é que eu fiz para merecer isto?
A falsa crença de que os chifres deste animal curam doenças está a aumentar o perigo de extinção.
O WWF (Fundo Mundial para a Vida Selvagem e Natureza) lembra que, em tempos, os rinocerontes foram comuns na Ásia e em África. Prova disso é a sua presença nas pinturas rupestres.
Hoje, o cenário é alarmante e a zona geográfica onde eles residem diminuta.
Calcula-se que a cada oito horas um rinoceronte seja morto no mundo, vítima de caçadores ilegais que vendem os seus chifres no mercado negro, a um preço superior ao do ouro.
MAIS MORTES DO QUE HÁ UM ANO
Em 2014, a África do Sul, onde vivem 85 por cento dos rinocerontes (sobretudo no Parque Nacional Kruger), contabilizou o abate de 1215 animais. Apesar de todos os esforços que foram feitos para combater a caça furtiva, o número não para de aumentar.
O governo daquele país acaba de anunciar que, nos primeiros quatro meses deste ano, houve um aumento de 18 por cento da caça furtiva de rinocerontes em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Desde 1977, o comércio de chifres de rinocerontes é proibido pela Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção.
CANCRO, RESSACAS, IGNORÂNCIA E QUERATINA
No entanto, a sua procura não tem abrandado, dando origem a uma rede de tráfico que tem como principal destino a Ásia. O Vietname é atualmente o responsável número um por este massacre, devido à falsa crença de que os chifres dos rinocerontes são capazes de curar o cancro.
Em outros países asiáticos, práticas de medicina tradicional, usam-nos para tratar a febre e problemas de sangue, sem qualquer fundamento científico. Custa a acreditar, mas há ainda quem os compre para curar ressacas.
Os chifres dos rinocerontes são feitos de queratina, a mesma substância que temos nas unhas ou no cabelo.
Um quilo chega a custar 45 mil euros e é apontado como o terceiro produto mais vendido no mercado negro mundial, a seguir às armas e às drogas.