Em Hong Kong manifestar-se passou a ser crime
A China tenta impor as suas regras ao antigo território britânico.
Situado no sudeste da China, Hong Kong tem, sob um determinado ponto de vista, uma história parecida com a de Macau. Tal como Macau esteve durante largos anos (mais de 400) sob domínio português, Hong Kong esteve ao longo de mais de um século e meio (156 anos, para sermos precisos) sob domínio britânico. Só em 1997, Hong Kong voltou a ter soberania chinesa (a transição de Macau para a China aconteceu dois anos mais tarde, em 1999). Ambos, Macau e Hong Kong são hoje regiões administrativas especiais da República Popular da China.
Quando o Reino Unido fez a passagem administrativa de Hong Kong para a China, foi assinado um acordo que previa que aquele território preservaria uma forte autonomia até 2047. Na prática, só nesse ano Hong Kong passaria a estar sob o domínio total da China. Até lá, o território gozaria de um sistema político e económico próprio, além de mais liberdades do que aquelas que se verificam no resto do país. Daí que muitas vezes se ouçam referências à China como “um país, dois sistemas”.
No entanto, nos últimos anos, o governo chinês tem vindo a tentar exercer um poder maior sobre Hong Kong e a tentar aplicar a esta região administrativa as mesmas regras que vigoram no resto da China. Esta é uma postura que desagrada a uma parte significativa dos habitantes de Hong Kong e que, por isso, tem vindo a suscitar violentos protestos ao longo dos últimos meses.
No passado dia 30 de junho, a China deu um passo de gigante nesta sua tentativa de ter um maior controle sobre Hong Kong. Nesse dia, aprovou a lei de segurança nacional para Hong Kong, que proíbe os habitantes de contestarem as políticas do governo chinês. Quem o fizer é considerado criminoso e pode ser preso. Trata-se de algo que já acontece na China, onde várias pessoas já foram presas por discordarem das medidas impostas pelo governo.
Os habitantes de Hong Kong veem assim ameaçados os seus direitos e liberdades, nomeadamente a liberdade de expressão.
O Reino Unido já se veio opor à aprovação desta lei, denunciando um desrespeito claro pelo acordo assinado com o Reino Unido aquando da passagem administrativa do território para a China. Os dois países vivem agora uma guerra diplomática. O Reino Unido decidiu, por exemplo, impedir que a empresa chinesa Huawei implantasse no país a rede de dados móveis 5G, ao contrário do que estava previsto.