Jornal Público afasta jornalista que fez plágio (Atualização terminada às 3h40 de 11 de outubro)
Vítor Belanciano foi afastado do jornal por tempo indeterminado, sabe o Jornalíssimo de fonte segura.
Por Joana Fillol | EM ATUALIZAÇÃO (atualização terminada Às 3h40 do dia 11 de outubro de 2022)
3h40 de terça-feira, 11 de outubro de 2022 – Entre as 17h e as 18h30 de ontem, dia 10 de outubro, o Jornalíssimo enviou emails para o Sindicato dos Jornalistas e para o Conselho Deontológico dos Jornalistas, para a Comissão da Carteira Profissional de Jornalista e para a Entidade Reguladora para a Comunicação Social, tentando obter comentários destas entidades a esta situação.
Até ao momento, o Jornalíssimo recebeu uma resposta, por email, às 18h07, do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas, assinada pelo Presidente deste órgão, o jornalista João Paulo Meneses. Daremos conta destes desenvolvimentos em notícias autónomas aqui no Jornalíssimo, fechando por aqui a atualização deste artigo.
18h15 de segunda-feira, 10 de outubro de 2022 – Jornal Público divulga no seu site nota da Direção Editorial às 17h37:
17h00 de segunda-feira, 10 de outubro de 2022 – Manuel Carvalho, diretor do jornal Público, respondeu às 15h51 ao email que lhe foi enviado pelo Jornalíssimo às 14h23: “O PÚBLICO divulgará ainda hoje uma nota da sua DE com todas essas explicações”, escreveu. DE significa Direção Editorial.
Entretanto, o Jornalíssimo teve também acesso ao correio eletrónico (email) que foi enviado por Manuel Carvalho a toda a redação do jornal Púbico, ao final da manhã de hoje (12h06). O diretor explica à redação do jornal que “Face à exposição pública de novas suspeitas de plágio pelo jornalista Vítor Belanciano, a DE decidiu suspendê-lo por tempo indeterminado até às conclusões de um processo disciplinar que entretanto já accionou”.
Escrevendo em nome de toda a Direção Editorial do jornal Público (constituída, além do diretor e jornalista Manuel Carvalho, pelos também jornalistas Amílcar Correia, Andreia Sanches, David Pontes e Tiago Luz Pedro), Manuel Carvalho acrescenta ainda nesse email que a DE lamenta ter tido que tomar tal medida, mas – justifica – “os indícios de prática reiterada de plágio põem em causa o essencial da cultura e dos valores do PÚBLICO: o seu rigor deontológico e a sua credibilidade”.
Se leste o texto para o qual te remetia o artigo que escrevemos aqui no Jornalíssimo na semana passada (a certa altura, explicávamos-te que o caso era demasiado complexo e reencaminhávamos-te para uma página do Facebook onde podias ler a história toda, caso tivesses interesse), recordar-te-ás que a leitora que fez a denúncia de plágio ao jornal deu, a certa altura, conhecimento a Manuel Carvalho (num email enviado para este no dia 26 de setembro às duas horas da manhã) que entretanto tinha tido conhecimento de um caso anterior de plágio feito pelo mesmo jornalista, Vítor Belanciano, em 2009. Num email posterior, enviado poucos minutos depois, a leitora enviava ao diretor Manuel carvalho o link para a crónica do provedor do leitor do jornal Público nesse ano de 2009 – Joaquim Vieira. Nessa crónica, intitulada “Esse espectro chamado plágio“, Joaquim Vieira respondia ao também jornalista e escritor Hugo Gonçalves, que se tinha dirigido ao Provedor queixando-se de que Vítor Belanciano se tinha apropriado de ideias e frases escritas por si, Hugo Gonçalves. O provedor do leitor do jornal Público da altura foi muito claro ao condenar o plágio então cometido por Vítor Belanciano.
Ou seja, desde, pelo menos, a madrugada do dia 26 de setembro que Manuel Carvalho sabia que o jornalista em questão era reincidente na prática de plágio. E que o caso denunciado no dia 18 de setembro deste ano não era o primeiro. Mas Manuel Carvalho trabalha no jornal Público desde 1999 e estava, portanto, já neste diário nacional quando esse plágio de Vítor Belanciano foi denunciado e abordado na coluna do Provedor do Leitor.
Recorde-se, também, que – apesar de Manuel Carvalho já não poder alegar não ter conhecimento de que se tratava do segundo plágio de Belanciano, na resposta que Manuel Carvalho dá ao Provedor do Leitor diz, ainda, a este acreditar que a falha cometida por aquele jornalista tenha sido mais uma questão de negligência do que de dolo, ocultando o plágio de 2009.
Se leres os dois artigos em questão, o original de Sergio C. Fanjul escrito a 27 de julho no jornal espanhol El País, e o de Vítor Belanciano publicado a 18 de setembro no jornal Público – e agora que já sabes o que é dolo (o link na palavra remete para o dicionário online Infopédia) – constatas com facilidade que seria difícil tratar-se de negligência do jornalista português, uma vez que há frases que são uma mera tradução do artigo do jornalista espanhol.
E em resposta ao provedor, Vítor Belanciano confessa que, nesse mesmo artigo de 18 de setembro, havia plagiado ainda um outro autor nesse seu artigo (o filósofo espanhol Daniel Innerarity), plágio esse que a leitora que fez a denúncia não tinha identificado.
14h22 de segunda-feira, 10 de outubro de 2022 – No passado dia 4 de outubro, escrevemos aqui no Jornalíssimo uma notícia sobre o silenciamento por parte da comunicação social em Portugal de uma polémica que estalou no jornal Público e que começou com uma denúncia de plágio de uma leitora.
Podes recordar toda a história aqui: Redações calam escândalo no jornalismo português.
A denúncia de toda esta situação através das redes sociais, tem levado a que vários leitores do jornal Público e muitas dezenas de portugueses e portuguesas se tenham indignado com o caso em plataformas como o Facebook ou o Twitter, manifestado o seu descontentamento com a forma como o jornal Público tem vindo a lidar com este caso. Em muito menor número, há também nas redes sociais expressões de solidariedade com o jornalista em causa.
O JORNALÍSSIMO já enviou um email à direção do jornal Público a questionar sobre o porquê de esta decisão ter sido tomada e qual a razão de ela ter sido comunicada à redação no dia de hoje. Atualizará esta notícia assim que conseguir obter mais informações sobre este caso.