O Facebook está cada vez mais atento às notícias falsas. E tu?
Depois de ensinar formas de detetá-las e promover a investigação nesta área, a rede social eliminou 30 mil contas falsas em França.
O termo ‘fake news’ (notícias falsas) não foi, mas podia bem ter sido a palavra do ano 2016.
Talvez nunca, como no último ano, a questão das notícias falsas tenha estado tão em cima da mesa, sobretudo por causa da campanha e dos resultados das eleições presidenciais norte-americanas.
O Facebook foi alvo de muitas críticas por, ao permitir a proliferação de notícias falsas, poder ter influenciado o resultado das eleições.
Entre as notícias falsas que circularam no Facebook antes das eleições estão, por exemplo, uma em que se afirmava que Hillary Clinton pertencia a uma rede de pedofilia, ou um artigo segundo o qual o Papa Francisco tinha manifestado o seu apoio a Donald Trump.
Inicialmente, Mark Zuckerberg defendeu-se desvalorizando o problema das notícias falsas no Facebook. Disse que elas representavam uma pequena percentagem dos conteúdos veiculados na rede social que criou.
Mas Zuckerberg parece ter refletido sobre o assunto e alterado a sua opinião. Em Fevereiro, partilhou com os seus seguidores a vontade de agir para combater este fenómeno das notícias falsas e outro designado por ‘filter bubble’, em inglês (defende que na Internet e redes sociais os usuários quase não recebem informação que não coincide com os seus pontos de vista, colocando-os assim dentro de uma “bolha” informativa e ideológica), e mostrou-se preocupado com os efeitos que eles podem ter no “sensacionalismo” e na “polarização política” que, acrescentou ainda, “levam a uma diminuição da compreensão”.
Zuckerberg não se ficou apenas pelas palavras. O Facebook tem tomado uma série de iniciativas para combater a propagação de notícias falsas.
Desde finais do ano passado que qualquer usuário do Facebook pode dar uma ajuda nesta luta contra a propagação de informações falsas mascaradas de notícias.
No canto superior direito das publicações que aparecem no nosso mural há uma pequena seta que permite denunciar conteúdos. Ao clicares nela surgem-te três opções: “É irritante ou desinteressante | Considero que não deveria estar no Facebook | É ‘spam'”. Se assinalares a segunda, surge nova caixa de diálogo em que uma das opções é justamente “É uma notícia falsa (Exemplos: notícias propositadamente falsas ou enganadoras, um embuste refutado por uma fonte de confiança)”. A rede emite também alertas ao utilizador caso ele esteja a ler uma notícia que tenha sido considerada falsa.
Mas esta não foi a única estratégia encontrada pelo Facebook para lidar com o problema. Já neste mês de abril, a rede social difundiu junto dos seus utilizadores em 14 países (Portugal não integrou a lista, o Brasil sim) uma campanha educativa com 10 dicas para identificar notícias falsas.
O Facebook proibiu, ainda, a publicidade a sites identificados como produtores de campanhas de desinformação; lançou o ‘The Facebook Journalism Project’ que, em conjunto com órgãos-de-comunicação de renome, procura desenvolver novas formas de consumo de informação; contribui, juntamente com outras empresas, para um fundo de cerca de 13 milhões de euros, nascido para promover a investigação neste âmbito das notícias falsas (‘News Integrity Initiative’).
A última medida tomada pelo Facebook na sua luta contra a desinformação teve lugar em França, onde decorre a campanha presidencial (a primeira volta é já dia 23 de abril). A empresa fechou 30 mil perfis falsos para evitar que falsas notícias e ‘spam’ se propaguem pela rede.
Um dos principais diários franceses, o ‘Le Monde’, lançou também no início de fevereiro uma ferramenta, o ‘Décodex‘ que apresenta e disponibiliza uma série de ferramentas para que os leitores possam defender-se contra campanhas de desinformação – permite, por exemplo, inserir o URL de um site para saber se é fiável. Mas tem, também, informação para orientar os internautas na pesquisa e ajudá-los a fazer uma leitura crítica da informação.
O ‘Le Monde’ tinha criado e mantém, já desde 2009 (inicialmente como blogue, em 2014 como rubrica do jornal), uma secção intitulada ‘Les Décodeurs’, que contextualiza a informação veiculada, verifica a veracidade de declarações e rumores, identifica notícias falsas e responde a dúvidas dos leitores.
Sabias que?
– Segundo o site ‘BuzzFeed’, as 20 notícias falsas sobre as eleições americanas tiveram mais ‘likes’, comentários e partilhas (8,7 milhões) do que as 20 notícias verdadeiras sobre o mesmo tema (7,3 milhões);
– segundo um estudo de maio de 2016 levado a cabo pelo ‘Pew Research Center’, dois terços dos utilizadores americanos informam-se através do Facebook.
Fontes: Facebook, Le Monde, BBC, Folha de São Paulo