Atenção às prendas cor-de-rosa para as raparigas

Poderão brinquedos estereotipados afastar as meninas de carreiras no campo da engenharia?

No Reino Unido há uma campanha dirigida à indústria de brinquedos que tem o sugestivo nome de ‘Let Toys Be Toys’.

O nome completo é, na realidade, mais extenso: ‘Let Toys Be Toys – For Girls and Boys’ (Deixem os Brinquedos ser Brinquedos – para Raparigas e Rapazes).

O objetivo da campanha é que os brinquedos deixem de ser catalogados por género, ou seja, como sendo para rapazes ou para raparigas.

Na opinião dos pais que levam a cabo este movimento, os brinquedos assim catalogados “limitam a imaginação das crianças, ao dizer-lhes aquilo com que devem brincar” e retiram-lhes liberdade para brincar com aquilo que mais lhes interessa e desenvolver outros interesses. Afinal, brincar tem um papel crucial no processo de desenvolvimento e aprendizagem das crianças.

Apesar de já existir há alguns anos, a ‘Let Toys Be Toys’ tem ainda um importante trabalho a fazer. É isso que se conclui de um estudo acabado de publicar por uma das entidades de renome no campo da engenharia mundial, o IET – ‘The Institution of Engineering and Technology’, sediado também no Reino Unido.

A organização investigou os principais motores de busca e vendedores de brinquedos (como Google, Yahoo, Bing ou Amazon) e descobriu que a probabilidade de os rapazes receberem um presente na área das STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) neste Natal é quase três vezes superior à das raparigas.

Para chegarem a estes números, os investigadores introduziram nos motores de busca os termos “brinquedos para rapazes” e “brinquedos para raparigas”. Constataram então que, de todos os brinquedos no campo das STEM apresentados, 31% foram catalogados como sendo para rapazes e apenas 11% para raparigas.

A equipa analisou também a distribuição do cor-de-rosa nos brinquedos e observou que 89% dos brinquedos catalogados para raparigas são cor-de-rosa contra apenas 1% dos catalogados para rapazes.

Na nota de imprensa, em que revela os resultados do estudo, o Instituto lança um alerta para a manutenção de estereótipos de género através dos brinquedos que se oferecem às crianças e que podem condicionar os seus interesses futuros, nomeadamente em termos profissionais.

Quem disse que as raparigas não gostam de robots, de informática, de Lego, de experiências de física ou química, de ficção científica?

Mamta Singhal, a porta-voz do Instituto revela, em comunicado, que “as raparigas em idade escolar têm interesse em disciplinas relacionadas com ciência, tecnologia e engenharia” e que “é necessário encontrar formas de ajudar a que este interesse se traduza num maior número de mulheres a abraçar carreiras nestas áreas”.

Apesar dos dados, hoje, no Reino Unido, apenas 9% dos engenheiros pertence ao género feminino.

Os brinquedos, prossegue Mamta Singhal, são uma boa forma de incentivá-las a fazer um percurso nesta área: “As opções para as meninas devem ir além de bonecas e vestidos para que possamos inspirá-las a serem engenheiras”.

Jess Day, da campanha ‘Let Toys Be Toys’ recorda que este problema não se aplica apenas aos brinquedos: “Se as crianças aprendem que algumas coisas são apenas para meninos ou meninas, não é de surpreender que continuem a aplicar a mesma lógica também nas suas escolhas profissionais”.

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