O racismo continua a invadir o campo do futebol
As condenações ao gesto dos adeptos do Chelsea em Paris chegam de todo o lado. Quando é que o futebol chuta de vez a discriminação?
Nelson Mandela, o grande herói sul-africano da luta anti-apartheid, dizia que “o desporto tem o poder de mudar o mundo, de inspirar, de unir os seres humanos como poucas coisas conseguem. O desporto tem mais poder do que os governos para derrubar as barreiras raciais”.
Quem conhece a história de Madiba sabe como o desporto foi decisivo para aproximar brancos e negros na África do Sul.
Embora verdadeira, a afirmação de Mandela ainda não é universal. Mais vezes do que era desejável (e uma vez só já seria muito), lá vem um episódio envergonhar o mundo do futebol.
A última aconteceu anteontem, dia de oitavos de final da Liga dos Campeões, quando adeptos do Chelsea impediram um negro de entrar numa carruagem de metro e gritaram “Nós somos racistas, nós somos racista e gostamos de o ser”, um momento registado por um vídeo amador e divulgado pelo jornal britânico The Guardian.
As reações não se fizeram esperar. Joseph Blatter, presidente da FIFA, já veio dizer que “o racismo não tem lugar no futebol”; o Chelsea classificou de “abominável” o comportamento e ameaça proibir a entrada dos responsáveis no estádio, caso se venha a saber quem são e Paris já abriu uma investigação para identificar os agressores.
No Twitter, a hashtag #chelsea devolve mensagens de condenação do episódio por parte dos cidadãos anónimos.
SABIAS QUE?
– Em 2001, em Buenos Aires, na Argentina, a FIFA aprovou uma resolução contra o racismo?
– No ano passado, um companheiro de Mandela na luta anti-apartheid, Tokyo Sexwale, anunciou num fórum das Nações Unidas, na Suíça, que a FIFA planeava criar um barómetro dos países quanto ao nível de racismo e descriminação no deporto?
– Conheces a Global Watch, uma iniciativa da sociedade civil que conta com o apoio de várias organizações mundiais para combater o racismo no futebol?