Slackline: para quem sonha ser Tarzan
Equilibrismo, ginástica, breakdance, capoeira. A modalidade que se pode praticar de graça no Porto tem de tudo isto um pouco.
André Vaz diz-nos que é só uma questão de desbloquear: “O gesto está dentro de nós, viemos das árvores, andámos em cima de troncos e pendurados neles”.
Concentramo-nos, levantamos os braços acima dos ombros, damos o passo em direção à fita de nylon, elevada cerca de um metro acima do solo. André dá-nos a mão, avançamos e…
Antes de continuarmos, vamos perceber o que é o slackline, que tem já milhares de praticantes no Brasil e nos Estados Unidos – país que, nos anos 70, foi o berço da modalidade, nascida no seio da comunidade de escalada.
O slackline até pode ter sido ideia de alpinistas que o praticavam quando o tempo não estava bom para fazer escalada, mas é impossível não o associarmos aos equilibristas que nos deixavam de cabeça inclinada para trás e boca aberta quando íamos ao circo.
Aqui, andar sobre uma fita, cuja largura varia entre os 25 e os 50 milímetros, é apenas o começo, o ponto de partida para se poderem fazer manobras várias.
“O slackline tem muitas vertentes, do longline (geralmente praticado ao ar livre, consiste em andar sobre a linha longas distâncias – o recorde mundial está nos 600 metros) ou highline (praticado entre prédios ou montanhas, com os praticantes presos por um arnês), até ao waterline (a fita está por cima da água) ou ao iogaline (os atletas combinam o equilíbrio na fita com posturas de ioga), passando pelo trickline (em cima da fita dão-se mortais, pulos, fazem-se posições de ginástica)”, explica André que descobriu a modalidade há quatro anos, quando tinha 28, e nunca mais parou de a praticar.
Até então, não fazia nenhum desporto. O slackline – diz – “é viciante, porque vamos tendo pequenas vitórias e queremos continuar a superar-nos”. Assegura que, por norma, dois treinos bastam para um principiante conseguir caminhar dez metros sobre a linha.
Por não encontrar todo o material de que precisava para treinar em Portugal, André acabou mesmo por montar uma loja on-line, a MonkeyBiz Slackline Shop.
A seu ver, as vantagens da prática do desporto são inúmeras: “É fácil de praticar e barato. Basta comprar a fita (uma de iniciação custa cerca de 50 euros) e ter dois pontos – duas árvores, por exemplo – para prendê-la”. Além de que, acrescenta, “é uma modalidade ótima para combater o stress e treinar a concentração, faz bem às articulações e ajuda a melhorar a postura corporal”.
Para quem esteja no Porto, outro ponto positivo é que o slackline pode ser praticado de forma gratuita, uma vez por semana ao fim do dia, no ginásio da Escola Superior de Educação (para mais informações, junta-te ao grupo Slackline Porto no Facebook).
Foi lá que fizemos a nossa primeira experiência. Como estávamos a contar no início, avançámos demos um ou dois passos com o André no solo a segurar-nos a mão, mas não passámos o teste de continuar a andar sem o seu apoio. Caímos da linha, mas como vontade de voltar a experimentar.
Ainda tentámos pôr as culpas na fita: “Treme muito”. André não nos deu hipótese: “Não é a fita que treme, somos nós”.
Se quiseres espreitar como foi o campeonato do mundo de slackline do ano passado, em Munique, na Alemanha, vê o vídeo seguinte.