Segundo a UNICEF, há 1,4 milhões de crianças ameaçadas pela fome em 4 países

Conhece a realidade da Somália, Nigéria, Sudão do Sul e Iémen e percebe melhor o papel das equipas humanitárias.

Há pouco mais de um mês, a OXFAM (uma confederação de organizações não-governamentais que prestam ajuda humanitária em vários pontos do globo) alertou-nos para que as oito pessoas mais ricas do mundo tinham um património equivalente ao da metade mais pobre da população mundial.

Hoje, a UNICEF mostra uma das faces visíveis dessa profunda desigualdade que o mundo atual conhece: há 1,4 milhões de crianças a enfrentar um estado de desnutrição severa que as pode conduzir à morte se nada for feito em contrário, alerta a Agência das Nações Unidas que zela pelos direitos das crianças.

Anthony Lake, o diretor executivo da UNICEF, recorda que “a desnutrição severa e a iminente fome são em grande parte provocadas pelo homem”. E pede uma “ação rápida” ao mundo para salvar estas vidas.

Na Somália, no Sudão do Sul, no Iémen e na Nigéria, conflitos vários arrastam um grande número da população para situações de pobreza extrema. Muitos dos refugiados que têm arriscado a vida no Mediterrâneo em busca de uma vida melhor fogem de países como estes.

Na Somália, a somar à violência há, também, uma seca profunda que dificulta ainda mais a produção de alimentos.

KITS PARA PESCAR E PARA PLANTAR VEGETAIS

As organizações humanitárias têm trabalhado arduamente para responder ao drama das populações, fornecendo kits para ajudar as pessoas a pescar e a plantar vegetais, vacinando milhões de cabeças de gado e dando bens alimentares para consumo imediato.

No Sudão do Sul, um dos países mais jovens do mundo, sobre o qual já te falámos neste artigo, foi mesmo declarada formalmente uma situação de fome, o que significa que já começaram a morrer no país pessoas por falta de alimentos.        

A fome acarreta problemas graves de saúde e, por isso, as organizações humanitárias que trabalham neste país prestam também apoio a postos de atendimento terapêutico ambulatório e a centros de internamento.

As duas fotografias que ilustram este artigo são de centros de apoio a crianças desnutridas no Sudão do Sul e foram tiradas já este mês pela UNICEF. Na primeira uma mãe segura o seu filho de ano e meio, Khamis Tuth; na segunda, Yani Mamuth, de nove meses, vê o seu reflexo no espelho que a mãe segura. As duas crianças sofrem de subnutrição severa e estão em centros de internamento montados por organizações de ajuda humanitária. 

Talvez elas ajudem a aumentar o eco das palavras do diretor executivo da UNICEF: “O tempo está a esgotar-se para mais de um milhão de crianças”.

A SITUAÇÃO PAÍS POR PAÍS:

NIGÉRIA

450 Mil crianças a sofrer de desnutrição grave.
As equipas humanitárias têm dificuldade em prestar auxílio a algumas zonas isoladas pela violência de grupos como o Boko Haram (recorda o artigo em que te falamos deste grupo terrorista).

SUDÃO DO SUL

270 Mil crianças sofrem de desnutrição grave e o número total de pessoas a sofrer de insegurança alimentar ascende quase aos 5 milhões de pessoas, já tendo sido decretada uma situação formal de fome.
O conflito neste jovem país, com um número de habitantes semelhante ao de Portugal, resultou de um desentendimento entre o presidente e o vice-presidente do país, que pertencem a dois grupos étnicos diferentes (um é Dinka, o outro Nuer). A luta pelo poder entre ambos começou na capital, Juba, mas rapidamente alastrou ao resto do território. 

IÉMEN

462 Mil crianças sofrem atualmente de desnutrição grave, o que representa um aumento de quase 200% nos últimos três anos.
No ano passado, resumimos-te num artigo o que se está a passar neste país da Península Arábica, onde ‘xiitas huthis’, sunitas e ‘Al Qaeda’ travam uma assustadora guerra pelo poder com petróleo à mistura.

SOMÁLIA

185 Mil crianças sofrem de desnutrição grave e 6,2 milhões de pessoas (cerca de metade da população) enfrentam uma situação de insegurança alimentar.
Este país, situado no chamado Corno de África, vive uma situação de guerra civil há vários anos, a que se soma uma seca extrema.

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