Não são apenas bonitas, podem salvar vidas
As imagens dos satélites meteorológicos entraram noutra dimensão e vão permitir antecipar alertas.
Para um leigo em matéria de meteorologia, as imagens que aqui vemos chamarão a atenção sobretudo pela beleza.
Já os olhos de um especialista veem nelas bem mais do que o lado estético. Veem detalhe, precisão e, sobretudo, a possibilidade de melhorar de forma substancial a capacidade de antecipar e prever com maior exatidão fenómenos meteorológicos, nomeadamente os mais extremos, como tornados ou furacões.
A declaração do homem que supervisiona o satélite que captou estas imagens, o GOES-16 (ou GOES-R), dá ideia da evolução que está em causa neste campo: “É como passar de uma televisão a preto e branco para uma de alta-definição”, disse Michael Stringer ao jornal ‘The Wahington Post’.
A foto abaixa mostra, justamente, a comparação entre as imagens enviadas pelos satélites anteriores e o novo.
O GOES-16 (ou GOES-R) foi lançado em novembro de 2016 e orbita agora a cerca de 36 mil quilómetros de distância de nós. Foi de lá que captou estas imagens, as primeiras a enviar para Terra, que a NASA e a NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica) acabam de revelar.
As iniciais GOES significam ‘Geostationary Operational Environmental Satellite’. Além deste, há mais três GOES de nova geração que irão juntar-se a este até 2025. Os quatro dispõem de um sistema conhecido como ABI (‘Advanced Baseline Imager’).
Uma das vantagens deste sistema é a rápida atualização das imagens. Consegue enviar uma imagem completa da Terra a cada 15 minutos, ou seja, é cinco vezes mais rápido do que a anterior geração de satélites GOES e tem uma resolução espacial quatro vezes maior.
Além disso, pode ser direcionado para áreas específicas onde possam estar a acontecer fenómenos ambientais extremos (como furacões, incêndios ou erupções vulcânicas) e enviar imagens atualizadas a cada 30 segundos.
Louis Uccellini, diretor do Serviço Meteorológico Nacional da NOAA, concretiza o que esta nova família GOES nos vai trazer em termos práticos: “Vai permitir monitorizar e prever a evolução desses fenómenos com mais precisão”. E, assim, “os meteorologistas poderão emitir alertas mais precisos, oportunos e confiáveis e fornecer melhores informações às equipas de emergência e a quem tem poder de decisão”.
FOTOS: 1) imagem da Lua; 2) tempestade de areia na costa africana; 3) comparação de imagem completa da Terra entre o novo satélite e um anterior; 4) a parte continental dos Estados Unidos em 16 canais de espectros diferentes, que ajudam os meteorologistas a distinguir na atmosfera elementos como nuvens, vapor de água, fumo, gelo ou cinzas vulcânicas (o GOES-16 tem mais três canais do que os seus antecessores); 5) vista da Argentina. Créditos: NOA/NASA. Imagens captadas no dia 15 de janeiro de 2017.