O que é e por que foi tão festejado o acordo nuclear?
Os iranianos esperam vida nova, o mundo sente-se mais seguro, Israel contesta.
Para perceber a importância do acordo nuclear alcançado entre seis potências mundiais (China, E.U.A., França, Inglaterra, Rússia e Alemanha) e o Irão, em que este se compromete a utilizar a energia nuclear só para fins pacíficos e a não desenvolver armas nucleares, é preciso compreender duas coisas:
1) O que é a energia nuclear.
2) O contexto do Irão em termos geopolíticos.
A MEMÓRIA DE HIROSHIMA E NAGASAKI
Começando pelo primeiro ponto e, de uma forma resumida, a energia nuclear ou atómica, conseguida a partir do urânio, tem uma força incrível.
Pode ser usada para fins pacíficos, como a produção de energia, mas, também, para fabricar armas, como a bomba nuclear ou atómica.
Com uma força explosiva brutal, essas armas têm um poder de destruição assustador. A Humanidade nunca irá esquecer os desastres de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, onde as bombas nucleares mataram centenas de milhares de pessoas e continuam ainda a ter efeitos negativos sobre o ambiente e a população.
EM PERMANENTE CONFLITO
Quanto ao Irão, como podes ver no mapa, fica na região do Médio Oriente, no oeste da Ásia. Uma zona que vive numa tensão permanente, pela existência de relações difíceis entre vários países e até dentro das próprias nações, onde os conflitos são permanentes. Irão e Israel, por exemplo, são inimigos declarados, tal como Irão e Arábia Saudita.
Com este preâmbulo inicial, torna-se mais fácil compreender o acordo alcançado ontem entre as grandes potências mundiais e o presidente iraniano Hassan Rohani, em Viena, na Áustria, depois de quase 13 anos de negociações.
PUXANDO A HISTÓRIA PARA TRÁS…
Em 2002, o mundo ficou apavorado quando descobriu a existência de um programa nuclear no Irão e a preocupação aumentou quando, dois anos mais tarde, foram descobertas no país instalações para fabricar armas nucleares. As tentativas de convencer o Irão a abandonar o seu programa nuclear começaram nessa altura.
Como se vê, só agora surtiram efeito. Nem as pesadas sanções que a comunidade internacional impôs ao país – visto como um perigo, uma ameaça global -, fez com que o Irão se apressasse a mudar de ideias.
E o “castigo” foi duro. Por se recusar a estabelecer este acordo e a desistir do tal programa nuclear, muitos países deixaram, por exemplo, de comprar petróleo ao país (o Irão tem as quartas maiores reservas do mundo). Essa foi, certamente, a mais pesada sanção. O Irão ficou mais pobre e a qualidade de vida dos iranianos piorou a olhos vistos. Agora, os mercados internacionais voltarão a abrir-se ao país.
FESTA NA RUA
Mas o rol de sanções foi extenso. Para os iranianos, conseguir um visto para viver noutro país tornou-se, também, algo de extremamente difícil nos últimos anos. O acordo abre-lhes portas para voltarem a viajar livremente e para terem acesso a produtos cuja compra lhes estava vedada, como alguns medicamentos, por exemplo.
Foram, sobretudo, os jovens quem mais festejou este entendimento. Milhares saíram para as ruas contentes com a mudança que, sabem, lhes trará mais oportunidades – de estudar no estrangeiro, de viajar, de ter uma vida melhor, de ter um custo de vida mais baixo, já que se prevê a redução do custo de muitos produtos no país, graças às relações restabelecidas com o exterior.
O DESAGRADO ISRAELITA
De Israel, a reação foi de desapontamento. O Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu criticou fortemente o acordo da comunidade internacional com o Irão, seu inimigo histórico. O líder israelita diz que o acordo vai permitir ao país vizinho ter dinheiro para difundir o terrorismo e destruir Israel. Os Estados Unidos, aliados históricos de Israel, já vieram dizer, através do Presidente Obama, que o acordo não fará diminuir os esforços americanos na luta contra o suporte do Irão a atividades terroristas. Apesar deste entendimento nuclear, os Estados Unidos vão manter o Irão na sua lista de países apoiantes do terrorismo.