A cidade mais a norte dos Estados Unidos mudou de nome
Do inglês “Barrow” para “Utqiagvik”, o nome pré-colonial, no dialeto ‘inupiaq’.
Se tiveres um mapa-mundo à frente, centra o olhar em cima à esquerda. Estás a ver o ponto mais a norte marcado no Alasca? Diz Barrow, mas dirá no futuro “Utqiagvik” (pronuncia-se algo parecido com isto: ‘ut-gar-vique’).
No início deste mês, os habitantes dessa cidade – conhecida pela “cidade da ciência do Ártico”, pois acolhe inúmeros investigadores que estudam o derretimento do gelo polar – foram chamados às urnas para um referendo que pretendia saber sua opinião sobre a aletração do nome da cidade.
Os resultados mostram que a população da cidade estava dividida. A maioria – 381 pessoas – votou a favor da mudança. O “não” perdeu por apenas seis votos (375 eleitores).
A proposta foi feita com o intuito de “reconhecer, honrar e recuperar a beleza da língua ‘inupiaq’, que está moribunda”, escreve o jornal ‘The Arctic Sounder, citando o deputado municipal que teve a ideia.
Qaiyaan Harcharek lembrou, ainda, que o inupiaq é a “língua original, ancestral desta zona e deste povo” e que a recuperação do nome original da localidade é, também, uma forma de “promover o orgulho na nossa identidade”.
Mais de metade da população de Barrow/Utqiagvik, pertence ao grupo indígena ‘Inupiaq Eskimo’, que habita aquela parte do globo (a 2000 kms do Pólo Norte) há mais de três mil anos.
Utqiagvik, que significa “o lugar onde a coruja-das-neves é caçada”, foi o nome da localidade até ao século XIX. Em 1826, ganhou o apelido do naturalista britânico que promoveu várias expedições ao Ártico, John Barrow.
Uma curiosidade desta cidade é que a proximidade do Círculo Polar Ártico faz com que, no Inverno, os seus habitantes cheguem a passar um mês inteiro sem ver a luz do sol. A cidade foi, por isso, cenário de um filme, feito a partir da banda-desenhada ’30 Days of Night’, que tem vampiros como protagonistas.