A Nova Zelândia vai conseguir chegar progressivamente a uma proibição total da compra de tabaco.

Nova Zelândia: proibida a venda de tabaco (para sempre) aos nascidos depois de 2009

A medida faz parte de um pacote mais amplo que visa criar um país “sem fumo”.

A primeira ministra neozelandesa Jacinta Ardern, de 42 anos, uma das mais jovens do mundo nesta posição, anunciou esta semana que vai renunciar ao cargo por falta de energia para continuar a comandar os destinos do país. 

No entanto, o ambicioso pacote de medidas que a Nova Zelândia aprovou para combater o consumo de tabaco e tornar-se num “país sem fumo” vai ainda ficar associado ao seu nome e ao seu mandato.

Em dezembro, o parlamento neozelandês aprovou legislação que proíbe a compra de cigarros ou produtos derivados do tabaco e todas as pessoas nascidas a partir de 2009. Ou seja, aqueles que hoje têm 13 anos ou menos nem quando atingirem a maioridade vão poder comprar cigarros. 

Deste modo, aquele país vai conseguir chegar progressivamente a uma proibição total da compra de tabaco. Daqui a 40 anos, por exemplo, só quem tiver mais de 53 anos terá idade suficiente para comprar o produto.

Decisão individual?

Sempre que estão em causa medidas para proibir ou desincentivar o consumo de tabaco há quem proteste por julgar que fumar ou não fumar deve ser uma decisão individual e não do Estado.

A realidade mostra, no entanto, que as consequências do consumo de tabaco não são apenas individuais. Fumar é um ato responsável pelo aparecimento de várias doenças, como cancro do pulmão, mas também doenças cardiovasculares e respiratórias. E o assunto passa a ser do domínio público, por exemplo, por causa dos gastos que o consumo de tabaco implica ao sistema de saúde de um país.

Com as medidas que entrarão em vigor ao longo deste ano de 2023, a Nova Zelândia prevê poupar mais de três mil milhões de dólares em saúde por passar a ter que tratar menos pacientes com doenças associadas ao consumo de tabaco.

Oito milhões de mortes a cada ano

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam para que, a cada ano, cerca de oito milhões de pessoas percam a vida devido a doenças relacionadas com o consumo de tabaco. O consumo de tabaco é hoje considerado a principal causa de morte evitável no mundo (e também em Portugal).

Os dados da OMS voltam a provar que as consequências do tabaco não são apenas para quem fuma. Dentro desses oito milhões de mortes, a organização internacional afirma que 1,2 milhões são mortes de pessoas não fumadoras mas que estiveram expostas ao fumo – os chamados “fumadores passivos”.

E podíamos ainda olhar para os danos que a indústria tabaqueira provoca ao planeta, devido à desflorestação, ao consumo de água e à ocupação de terra que poderia servir para plantar culturas mais necessárias. 

E em Portugal?

Em Portugal o consumo de tabaco tem vindo a diminuir nos últimos anos, segundo dados do Serviço Nacional de Saúde. Ainda assim, informação avançada pelo Instituto Português de Oncologia aponta para que, no nosso país, o tabaco seja responsável por 20% do total de mortes por cancro. Já a Sociedade Portuguesa de Pneumologia apresenta um estudo de 2019 que culpa esta substância por 10% do total dos óbitos registados anualmente no país.  

Para desencorajar o consumo e afastar as pessoas de qualquer tentação de cair neste vício, a Fundação Portuguesa de Cardiologia recorda, na sua página, que os fumadores “têm, em média, menos dez anos de vida do que os não fumadores, pois as substâncias do fumo do tabaco afetam alguns órgãos importantes, ao mesmo tempo que tornam o organismo mais frágil em relação a uma série de doenças”.

Foto: https://www.dvidshub.net/Creative Commons

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