A ideia de manter os gatos em casa não gerou consenso

Ufa, acabou-se o confinamento!

Depois de três meses fechados, os gatos de Walldorf puderam voltar à rua.

A palavra confinamento traz-nos logo à memória a Covid-19, mas nesta história o vírus não entra.

A “culpada” de uma boa parte dos gatos domésticos de uma cidade no sul da Alemanha ter tido que ficar três meses encerrada em casa foi uma ave, de seu nome cotovia com crista.

Esta verdadeira “ave rara” em sentido literal – segundo a Euro News, registou-se nas últimas décadas um declínio na sua população em toda a Europa Ocidental – nidifica no solo. E esse é o problema, ao tornar as crias desta espécie presas fáceis para os gatos.

Levar o gato a passear?

Ora, como o período de nidificação destas aves decorre entre o final de maio e meados de agosto, as autoridades de Walldorf decretaram aquela medida excecional para garantir a preservação da espécie.

Mas, tal como aconteceu com os humanos, a ideia do confinamento destes felinos não gerou consenso. Quem tem gatos sabe bem que, mesmo sem asas, eles prezam muito a sua liberdade. Isso levou vários donos a protestarem contra a proibição, alegando que provocava mal-estar aos seus animais.

Este ano, os protestos não tiveram resultado e o confinamento prolongou-se até 15 de agosto – o máximo que os donos podiam fazer era passear os seus gatos de trela.

A história de Sepúlveda vem à memória

Violar a regra era arriscado: as multas iam dos 500 euros (se o gato fosse visto na rua) aos 50 mil (se fosse apanhado a ferir ou a matar uma cria).

No entanto, em entrevista a um jornal alemão, a representante de uma associação de animais de Walldorf declarou estar a pensar em recorrer aos tribunais. Isto porque as autoridades já fizeram saber que o confinamento de gatos iria estar de volta nos próximos dois anos.

Uma ajuda em defesa dos gatos desta localidade alemã pode vir seguramente da literatura. Quem leu o livro de Luís Sepúlveda “História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar” sabe que, pelo menos na ficção, há gatos (como Zorbas, o protagonista do livro) capazes não só de proteger ovos de aves, como de as ensinar a voar.

Foto: Pxhere

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