Como vai Obama atacar o forte ‘lobby’ pro-armas nos Estados-Unidos?
As armas de fogo estão há muito na mira do presidente norte-americano, que agora mudou de estratégia.
Restringir a posse das armas de fogo é uma luta antiga de Barack Obama. As suas tentativas para limitar o acesso dos cidadãos norte-americanos a espingardas e pistolas esbarram sempre no Congresso.
Por isso, como te explicamos mais à frente, a estratégia do Presidente é agora mudar as regras, não passando pelo Congresso.
Aí, a maioria dos deputados, do Partido Republicano (Obama é Democrata), opõe-se a qualquer lei que possa limitar a venda de armas, num país onde a indústria do armamento é muito forte.
O facto de o direito à posse de armas estar consagrado na própria Constituição dos E.U.A. (já desde finais do século XVIII) tem funcionado, também, como um forte obstáculo à vontade do Presidente.
Mas, mesmo no seu último ano de mandato, Obama não desiste de tentar tornar o país num local mais seguro para todos, reduzindo a violência armada.
No comunicado da Casa Branca em que são anunciadas as medidas propostas pelo Presidente para alcançar esse objetivo, os números são alarmantes – na última década, mais de cem mil norte-americanos morreram, vítimas de violência armada.
Muitas dessas vítimas foram crianças, como as vinte que perderam a vida há três anos no massacre na escola primária de Sandy Hook (foi ao recordá-las, ontem, que Obama não conteve as lágrimas).
A estratégia do Presidente passa, agora, por impor um controlo maior na venda de armas de fogo.
Entre as medidas anunciadas estão:
▪ Obrigar todos os vendedores de armas a possuírem uma licença (vendedores itinerantes ou pela internet) e não apenas os proprietário de lojas de armas;
▪ Sujeitar os compradores a uma verificação sistemática de antecedentes criminais e psiquiátricos;
▪ Aumentar o número de agentes do FBI e da Secretaria do Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos para melhor acompanhamento das medidas em vigor;
▪ Um investimento de 500 milhões de dólares para melhorar o sistema nacional de saúde mental e a eliminação de “barreiras legais desnecessárias” que impedem alguns Estados de fornecer às autoridades informação sobre pessoas proibidas de posse de arma devido a doenças mentais específicas.
Podes ver todas as medidas nesta nota emitida pela Casa Branca.
As reações às medidas anunciadas por Obama não se fizeram esperar. Todos os candidatos republicanos às eleições presidenciais (marcadas para novembro deste ano), como Donald Trump, se opuseram a elas.
Os argumentos são sempre os mesmos: dizem que as armas permitem aos cidadãos proteger-se de ataques e que as proibições só farão aumentar a procura ilegal de armas.
SABIAS QUE?
Um estudo de 2007, o ‘Small Arms Survey’, aponta para a existência de 88,8 armas de fogo para cada cem norte-americanos. É quase uma arma de fogo por cada habitante.