Donald Trump: o que é que ele fez desta vez?

Da Google à União Europeia, da Starbucks à ACNUR, todos gritam ‘STOP’ ao presidente.

Donald Trump ocupou oficialmente o cargo de presidente dos Estados Unidos, mas as polémicas em torno dele e os protestos contra as suas medidas não parecem parar. Pelo contrário: sobem de tom.

Se até aqui eram as promessas e os discursos de Trump a perturbar o mundo, agora são os actos.

Uma semana após tomar posse como Presidente dos Estados Unidos, o homem que trocou os negócios pela política deu uma ordem, com efeitos imediatos, para proibir a entrada de cidadãos de sete países de maioria muçulmana nos Estados Unidos durante os próximos três meses.

O novo presidente não se limitou a fechar as portas do país aos habitantes do Irão, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iémen.

Trump decretou, também, a proibição de todos os refugiados viajarem para o país de que é presidente durante o mesmo período de tempo, com a exceção dos refugiados sírios que ficam impedidos de entrar nos E.U.A. até ordem em contrário.

Surpresa? Não totalmente. A imigração foi um dos temas fortes da campanha de Trump à Casa Branca. Enquanto candidato, Trump não escondeu o seu desejo de combater a entrada de imigrantes no país e deportar muitos dos que hoje lá vivem e trabalham ilegalmente.

As medidas anti-imigração, que valeram a Trump o apoio de uma ampla franja da população norte-americana, são – argumenta o presidente – tomadas com o objetivo de tornar a América segura e livre de terroristas.

“NÃO HÁ COMBATE AO TERRORISMO QUE JUSTIFIQUE”

A declaração de que fazemos sub-título pertence à chanceler alemã, Angela Merkel, uma das muitas vozes que manifestou o seu descontentamento.

As reações às medidas de Trump não se fizeram esperar. Milhares de norte-americanos mostraram a sua reprovação face às medidas tomadas pela nova administração norte-americana, manifestando-se e gritando palavras de ordem em vários aeroportos dos Estados Unidos e em frente à Casa Branca.

Para os manifestantes, o que está em causa é uma palavra: discriminação.

Fora dos Estados Unidos houve igualmente protestos. Em Bruxelas, por exemplo, realizou-se uma manifestação espontânea convocada através do Facebook e, no Reino Unido, mais de um milhão de pessoas assinou uma petição para que seja cancelada uma visita oficial de Trump à Inglaterra.

De cidadãos anónimos a instituições internacionais, várias foram as vozes que se levantaram contra estas medidas, vistas como discriminatórias, ilegais, promotoras de um discurso de ódio e desconfiança contra várias nações.

UM CORO DE REPROVAÇÃO SEM FRONTEIRAS

O porta-voz da Comissão Europeia Margaritis Schinas lembrou que “Na União Europeia não se faz discriminação baseada na nacionalidade, raça ou religião, nem em matéria de asilo, nem em qualquer das nossas políticas”.

O Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid ibn Ra’ad , fez também, ouvir a sua voz: “A discriminação com base na nacionalidade é proibida pela lei dos direitos humanos”. Além de ilegal, qualificou como “mesquinhas” as medidas tomadas por Trump.

Já a Agência da ONU para os refugiados, a ACNUR, e a Organização Internacional para as Migrações, a OIM, preferiram, em comunicado, deixar um tom de confiança: “O ACNUR e a OIM esperam que os EUA continuem com o seu forte papel de liderança e longa tradição de proteger aqueles que estão forçados a deixar suas casas devido a conflitos e perseguições”.

A cadeia Starbucks foi uma das várias empresas que quis manifestar a sua oposição às políticas de Trump. O fundador, Howard Schultz, prometeu contratar 10 mil refugiados ao longo dos próximos cinco anos.

Já a Google criou um fundo de dois milhões de dólares para ajudar migrantes e refugiados através de organizações.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, escreveu num artigo que a escolha é entre regressão e futuro: “Temos de escolher entre isolacionismo, desigualdade e egoísmo nacional, por um lado, e abertura, igualdade social e forte solidariedade por outra”, escreveu no jornal alemão ‘Die Welt’.

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