Um jovem liberiano venceu o “Nobel da Paz” das crianças
Abraham Keita levou o Parlamento do seu país a adotar uma lei que protege os menores de idade.
O vencedor do ‘The International Children’s Peace Prize’ nasceu em África há 17 anos. Como oito em cada dez pessoas do país onde vive, a Libéria, Keita é pobre. Cresceu num bairro de lata da capital, Monróvia, e foi lá que, bem cedo, começou a revelar a sua faceta de ativista.
Keita acredita que cada pessoa, cada criança, independentemente do lugar onde vive, “pode fazer a diferença”, “mudar o mundo”. Essa foi uma das mensagens que passou na cerimónia de entrega do prémio, esta segunda-feira, em Haia, na Holanda.
Ele próprio é um exemplo do que diz. Desde pequeno que organiza manifestações pacíficas e petições com objetivos vários. Lutou (e luta ainda) para pôr fim à violação dos direitos das crianças no seu país, reivindica um ensino gratuito. Uma das últimas campanhas de Keita tornou-se assunto nacional.
Se hoje a Libéria tem uma lei que defende os direitos dos menores de idade e pune quem cometer crimes contra as crianças, deve-o a Keita (vê o documentário sobre ele que publicamos no final deste artigo).
O jovem recebeu o simbólico galardão das mãos de uma compatriota, Leymah Gwobee. Em 2011, esta mulher tornou-se na primeira liberiana a vencer o Nobel da Paz pela sua luta pela segurança das mulheres e pela participação feminina na vida política do país.
A Libéria está no topo da lista dos países onde mais mulheres são vítimas de violência sexual. Foi precisamente a violação e a morte de uma jovem de 14 anos que despertou Keita para a necessidade de lutar pelos direitos dos mais novos.
Na Libéria, metade das adolescentes com 15 anos já viveu uma experiência de violência física, segundo um estudo da Universidade de Leiden (Holanda). O país viveu em guerra civil durante 14 anos e foi um dos mais afetados pelo vírus do ébola.
O ‘The International Children’s Peace Prize’ vai na sua 11ª edição e já distinguiu, por exemplo, Malala Yousafzai. É atribuído todos os anos pela fundação holandesa ‘Kids Rights’. Além da estatueta, o vencedor recebe uma bolsa de estudo, tem a possibilidade de partilhar as suas ideias com o mundo e acesso a um fundo de cem mil euros para investir nas suas causas.