Escalar os cenários grandiosos de um ‘Avatar’ libanês
David Lama fez o que ainda ninguém tinha feito: escalou uma gruta que parece tirada do filme de James Cameron.
É austríaco, tem 25 anos e uma atração por abismos que, recentemente, o levou a um país mais falado pela guerra do que pelos paraísos naturais.
Foi no Líbano, a menos de cem quilómetros da capital, Beirute, que David Lama descobriu um cenário mágico que o remeteu para as fabulosas imagens criadas em computador do filme Avatar, de James Cameron.
O local chama-se desfiladeiro de Baatara. É uma enorme gruta, atravessada por pontes naturais, com quedas de água de mais de cem metros de altura, arcos, reentrâncias e saliências, feitas de rocha que assume diferentes tonalidades.
Pelas palavras de Lama, dá para perceber como o alpinista se sentiu abençoado ao encontrar esta formação calcária do Jurássico: “Não é comum existir um local tão espetacular e ninguém o ter escalado antes”, comentou.
Talvez não seja assim tão estranho que o jovem austríaco tenha sido o primeiro. Ele próprio admitiu que a descoberta de uma via de escalada foi uma tarefa “bem difícil”, pela fraca consistência das paredes.
Não por acaso, a rota por ele traçada se tornou, de imediato, a de maior dificuldade no Líbano. Ao entrar nesta aventura, com o apoio da Red Bull, David Lama disse ter sentido que escalada e arte, por vezes, se aproximam: “o fator criatividade foi essencial para conseguir criar a via”, justificou.
As imagens provocam arrepios, mesmo sabendo-se de antemão que o projeto que Lama batizou de Avaatara (mistura do nome do desfiladeiro, Baatara, com o filme Avatar) foi bem-sucedido e Lama está já a preparar o próximo desafio, no Nepal, país natal do pai.
Talvez essas raízes na região onde fica a montanha mais alta do mundo justifiquem a queda de Lama para as alturas. E o espírito aventureiro fora do normal.