Todos os dias são dias de Europa, mas em Maio há um especial

Desde 1985 que 9 de maio é o Dia da Europa, assinalando o dia de 1950 em que se começou a construir a União Europeia.

Por Isabel Baltazar – Instituto de História Contemporânea (*)

Hoje venho falar-vos da Europa…! Foi assim que Winston Churchill, antigo (e futuro) primeiro-ministro do Reino Unido e uma das personalidades de maior prestígio na Europa, falou na Universidade de Zurique, a 19 de Setembro de 1946, num discurso que ficaria célebre por ser um marco no relançamento da ideia de unidade europeia.

Nessa altura, ouvimos dizer que era imperioso construir uma espécie de Estados Unidos da Europa para “recuperar as alegrias e esperanças simples que dão sentido à vida… para ter por recompensa felicidade em vez de sofrimento…”.

Este agrupamento, não pretendia enfraquecer os estados, mas, pelo contrário, reforçar “um sentido de patriotismo alargado e cidadania comum aos povos aturdidos deste continente poderoso e turbulento”.

A Europa precisava de estar unida para ocupar o lugar de direito no mundo, dando um exemplo de civilização, cultura e de direitos humanos ao resto do mundo e sendo um farol para a humanidade. Também hoje a Europa precisa de estar unida para cumprir esta missão.

O primeiro passo para a recriação da família europeia passava por uma parceria entre a França e a Alemanha. Dizia Churchill que “a Europa não pode renascer sem uma França espiritualmente grande e sem uma Alemanha espiritualmente grande”.

Esta União Europeia não depende da força material de um único estado, mas da conciliação de interesses materiais entre os estados. E foi assim que, a par da unidade dessa Família Europeia, nascia também a unidade económica e, na célebre expressão de Jean Monnet, “Os Estados Unidos tinham começado”! Estávamos no dia 9 de Maio de 1950.

A Declaração Schuman, assinada nesta data, marca o início da construção europeia que continua a sua marcha na atualidade. Robert Schuman preconiza que “a paz mundial só poderá ser salvaguardada com esforços criativos à medida dos perigos que a ameaçam”.

O primeiro objetivo, então como hoje, é o de salvaguardar a Paz. Para tal, é escolhido o “método dos pequenos passos”, anunciado por Schuman, para afirmar que a Europa não se construiria de uma só vez, e sim, a partir de realizações concretas e de uma solidariedade de facto.

O primeiro passo seria eliminar a oposição secular entre a França e a Alemanha através de uma organização conjunta da produção do carvão e do aço sob uma Alta Autoridade comum, numa organização aberta à participação dos outros países da Europa.

Em 1951, seria criada a CECA que abria o caminho para a CEE e para o processo de construção europeia até à União Europeia. Os chefes de Estado e de Governo, por considerarem o marco de 9 de Maio como decisivo, consagraram na Cimeira de Milão de 1985, o Dia da Europa.

(*) Publicada ao dia 20 de cada mês, a rubrica “História e Europa” é dedicada às ideias e aos protagonistas do projeto europeu. Resulta de uma parceria entre o Instituto de História Contemporânea da Universidade de Lisboa (IHC – UNL) e o Jornalíssimo e tem a coordenação científica de Isabel Baltazar e Alice Cunha, doutoradas em História pelo IHC-UNL.

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