Em Viseu, Fernando Pessoa veste Lacoste
Na Semana da Leitura, os alunos do Agrupamento de Escolas Grão Vasco levaram livros e escritores para as montras.
Por estes dias, de 14 a 18 de março, realiza-se em várias escolas do país a Semana da Leitura.
A 10ª edição da iniciativa, organizada pelo Plano Nacional de Leitura, convida as escolas “a celebrar a leitura, o prazer de ler e a criarem momentos de reflexão em torno de questões atuais e determinantes, como a globalização e a complexidade de um mundo heterogéneo”.
O tema que serviu de inspiração às escolas foi este: “Elos de Leitura”. Em Viseu, a professora Conceição Fonseca explica que esse elo “foi feito com toda a comunidade educativa”.
“Alunos, pais, funcionários, professores de vários níveis de ensino, todos colaboraram para abrir esta Semana da Leitura à comunidade e à cidade”, prossegue a coordenadora das Bibliotecas Escolares do Agrupamento de Escolas Grão Vasco.
Uma mão não chega para contar todas as atividades que estão a ser levadas a cabo ao longo desta semana naquele Agrupamento.
Já houve uma largada de balões com mensagens de apelo à leitura, preparadas para cair do céu quando os balões rebentassem; encontros com escritores e ilustradores (Isabel Zambujal e Pedro Leitão estão entre os nomes convidados); “Duelos Improváveis”, formados por um professor e assistente operacional ou técnico da escola que entram de surpresa nas salas de aula e brindam as turmas com leituras durante cinco minutos. O Jornalíssimo também esteve na escola, a despertar o gosto pela leitura da imprensa.
Mas, ali, a festa da leitura acontece também fora de portas, estende-se à cidade. Alunos e professores trabalharam em conjunto para incentivar o gosto pela leitura junto de todos os viseenses, colocando ‘slogans’ e cenários em montras de 19 lojas da principal artéria comercial, a Rua Formosa.
O projeto chama-se “Montras de Leitura” e foi desenvolvido nas aulas de Português e Educação Visual – nas primeiras trabalharam-se os ‘slogans’, nas segundas os cenários.
Tiago Lopes, 15 anos, que confessa não ser muito dado a ler, fez o slogan que está na montra de uma agência de viagens: “Se com emoção quer viajar, LEIA sem parar”. É ele quem nos explica como foi feita a seleção: “Cada um de nós (alunos) tinha que sugerir um ‘slogan’ e depois todos votámos para eleger o melhor, dando uma pontuação de zero a cinco”. Sendo que, cada turma ficou responsável pela montra de uma loja.
Matilde Dias, de 13 anos, é, tal como Tiago, aluna do 8º ano, mas de outra turma. Participou, também, na iniciativa e faz um balanço muito positivo: “Achei a ideia inovadora. A escola não é só estar sentada numa sala de aula a aprender. Devia haver mais projetos como este, que unissem a escola à comunidade”.
Sentado ao lado de Matilde, Guilherme Marques faz que sim com a cabeça, concordando com o que diz a colega. Para ele, que tem 14 anos, “é bom saber que fomos úteis e ajudamos com as nossas ideias as lojas da cidade”.
Os lojistas colaboraram e agradecem a realização destas “Montras de Leitura”. Dizem que as pessoas ficam a olhar para as montras e que há, até, quem tire fotografias.
Levar escritores (representações deles, bem entendido) para dentro de montras de lojas provoca situações engraçadas. Como a que podes observar na fotografia que abre este artigo. De repente, Fernando Pessoa parece vestido pela marca do crocodilo.
Tudo isto se passa sob o olhar de Aquilino Ribeiro (1885-1963). O escritor de “Terras do Demo” e de “A Casa Grande de Romarigães”, nascido no distrito, está sentado a meio da Rua Formosa, na sua secretária. Viseu homenageou Aquilino com uma estátua, bem no centro da cidade.