Neil Harbisson: o homem que tem uma antena na cabeça
Para este inglês, ser ciborgue é, acima de tudo, uma questão de arte.
As fotografias de Neil Harbisson parecem o resultado de uma montagem no Photoshop.
Em todas, lá aparece ele com uma antena curva a sair-lhe da parte de trás da cabeça e a tombar sobre a testa, onde parece incorporar uma micro câmara de vídeo ou um microfone.
No caso dele, as fotografias não escondem truques de imagem. Harbisson levou simplesmente um pouco mais além aquela ideia de que as novas tecnologias são extensões do nosso corpo.
Da mesma maneira que a roda é um prolongamento dos nossos pés e telefones e telemóveis uma extensão da nossa fala, ele tem uma antena que funciona como uma extensão das suas capacidades visuais. Sendo artista, esse “sentido” extra dá-lhe novas possibilidades de se expressar. Através, por exemplo, de “retratos sonoros”, como este que fez com o vocalista dos U2, Bono, e muitos mais que tem disponíveis na sua página no Facebook.
Neil Harbisson é um ciborgue, algo que a Infopédia define como um “ser humano fictício cujas funções fisiológicas vitais são comandadas por meio de dispositivos mecânicos”. Será que se pode dizer que ele é um ser humano que sofreu uma atualização?
Ao diário espanhol ABC, ele afirmou, na semana passada, que “criar novas partes do corpo é um movimento artístico. Em vez de criar esculturas em barro, por exemplo, podem-se criar esculturas com cibernética e tu podes ser a tua própria escultura”.
Na realidade, Harbisson nasceu sem a capacidade de ver cores, via tudo a preto e branco. A antena que um médico anónimo aceitou implantar-lhe na cabeça é o que ele chama um “olho cibernético”.
Com esse extra, o artista que vive na Catalunha, em Espanha, consegue muito mais do que ver cores. Daí, referir-se ao “eyeborg”, que criou, juntamente com um amigo, Adam Montadon, como um “novo sentido”. Faz sentido, justamente, se pensarmos que ele vê muito mais do que um humano comum, como infravermelhos e ultravioletas!
A antena é algo de bem complexo. O ABC explica que capta as cores, converte-as em vibrações que, ao chegar ao crânio e através do ouvido interno, se convertem em som. Daí os tais “retratos sonoros”.
Além disso, a tecnologia que incorporou no seu corpo dispõe de internet e isso permite que, através de telemóveis, lhe enviem fotografias para o seu olho extra e ele consiga “sentir” cores de paragens longínquas. Já conseguiu, por exemplo, ver o espaço através de uma ligação do seu “eyeborg” à Estação Espacial Internacional.
Sendo artista, fala em “ciborguismo” como uma nova expressão artística – o artista pode expressar-se através de um sentido que não tinha.
Baralhado? Deve ser só por algum tempo. Este jovem britânico é de opinião que ser ciborgue, dentro de alguns anos, vai ser normal. Ou pelo menos tão normal como hoje é mudar de sexo.
Talvez o melhor seja ouvires o que ele diz em discurso direto, nas TEDTalks.