Como estão os teus conhecimentos sobre o “primo” Kepler-452b?
Fizemos um guia com tudo o que precisas saber sobre o Planeta mais parecido com o nosso encontrado pela NASA até ao momento.
Julho de 2015 vai, de certeza, ficar na história da Astronomia: a sonda ‘New Horizons’ chegou a Plutão e o mundo ficou a saber que há um exoplaneta quase gémeo da Terra (pelo menos à primeira vista) algures no Universo.
E, por falar em vista, como é que se descobrem planetas fora do sistema solar? Há muitos, há poucos? De onde vem o nome de Kepler?
Já lá vamos, mas comecemos pelas apresentações.
Se o nosso parente distante (não pelo grau de parentesco, mas pela distância propriamente dita) tivesse um cartão de cidadão seria mais ou menos assim:
Nome: Kepler-452b
Localização: Constelação do Cisne
Distância da Terra: 1400 anos-luz
Idade: 1500 milhões de anos mais velho do que a Terra (que conta já com 4,5 mil milhões de Primaveras)
Estrela em torno da qual orbita: (que saibamos, ainda não tem nome) está à mesma distância a que a Terra está do Sol, mas é 4 por cento maior e 10 por cento mais brilhante – um dado fundamental, que revela a possibilidade de ter, também, água em estado líquido e vida parecida à que nós conhecemos
Tempo que leva a dar a volta à sua estrela: 385 dias, apenas vinte dias mais do que a Terra demora a dar a volta ao Sol – na imagem seguinte, da NASA, podes comparar a dimensão do sistema Kepler-452b com a do sistema solar e com a do Kepler-186, outro sistema descoberto pela Missão Kepler, tão pequeno que caberia dentro da órbita de Mercúrio
Descobridor: o poderoso telescópio espacial Kepler, lançado em 2009 com a missão de encontrar planetas fora do sistema solar, que orbitem outra estrela que não o sol (exoplanetas).
E, agora sim, como é que nós, aqui neste cantinho do Universo, conseguimos descobrir algo que está tão longe (e longe parece palavra insuficiente para descrever uma distância de milhares de anos-luz) assim?
Há vários métodos para encontrar planetas fora do nosso sistema solar. Entre os mais usados estão o astrométrico, o da velocidade radial, o de microlentes gravitacionais e o método de trânsito. Vamos centrar-nos neste último, pois foi através dele que conhecemos o Kepler-452b. O Método de Trânsito é explicado de forma simples no site da NASA.
O potente telescópio que serve a missão Kepler permite observar planetas a passarem em frente à estrela que orbitam. Quando esse momento acontece, uma pequena fração da luz dessa estrela é registada. Se essa passagem, conhecida por trânsito, se repetir regularmente, os astrónomos sabem que estão perante um novo planeta. A informação que conseguem recolher sobre ele (por exemplo, para estimar o tamanho do planeta ou a sua temperatura) vem da luz, da intensidade do brilho e do intervalo de tempo entre esses trânsitos.
O telescópio que está a bordo do satélite Kepler tem quase um metro de diâmetro e capacidade para monitorizar o brilho de cem mil estrelas ao mesmo tempo e continuamente! O fotómetro (para medir a intensidade da luz) é tão potente que é capaz de detetar um objeto minúsculo que passe à frente de uma dessas estrelas. (vê o vídeo no final deste artigo)
Já foram descobertos muitos exoplanetas?
Sim. De facto, acredita-se que os sistemas planetários são algo banal no Universo. A Missão Kleper foi lançada pela NASA com um objetivo determinado: encontrar planetas que orbitem em torno de uma estrela e onde haja vida. Até este programa, todos os exoplanetas descobertos eram enormes (do tamanho de Júpiter ou maiores ainda). O Kepler foi desenhado com vista a procurar planetas mais pequenos, com 30 a 600 vezes menos massa que Júpiter. Para detetar objetos desta dimensão o Método de Trânsito parece ser o mais indicado.
Na página da Missão podes ver a contagem dos exoplanetas detetados por este programa da NASA até ao presente – já são mais de mil.
Descobertas como a feita na semana passada dão ainda mais força à visão de (muitos) astrónomos e cientistas que acreditam haver no Universo outros planetas com caraterísticas físicas e químicas muito semelhantes à Terra e, tal como ela, com vida. Stephen Hawking, por exemplo, pensa que no futuro o Homem vai colonizar outros planetas.
E porquê Kepler?
A Missão e vários planetas por ela descobertos foram batizados assim em homenagem a Johannes Kepler, um astrónomo renascentista alemão, que viveu entre 1571 e 1630 e foi uma figura muito importante da ciência no seu tempo. As suas descobertas foram importantes para a evolução da ciência e serviram de base ao trabalho de cientistas célebres, como por exemplo a Newton.