O que é a solidariedade?

Ser solidário é uma opção ou é algo inerente à condição humana? Dar dinheiro basta? Será a semelhança com “sólido” pura coincidência?

O que é a solidariedade, todos sabemos. Será que sim? Ou só pensamos que sabemos e afinal não sabemos assim tão bem? Uma consulta ao Larousse pode baralhar um pouco as ideias.

Nomeadamente se estivermos convictos de que ser solidário é uma opção. Num certo sentido, será verdade. Mas não na aceção primeira da palavra “solidariedade” que, segundo a enciclopédia, designa um facto: o de que todas as partes de uma cadeia são solidárias porque dependem umas das outras.

Ora, segundo esta perspetiva, a solidariedade não é uma opção. O Larousse elucida-nos com o exemplo dos problemas ecológicos e ambientais, onde é bem claro que tudo está interligado.

UM ESPIRRO DO OUTRO LADO DO MUNDO…

Com os homens, a questão seria mais ou menos a mesma, no sentido em que “um homem não pode ser totalmente estranho a outro homem por causa da humanidade que partilham” e, logo, “um cidadão é sempre solidário dos outros cidadãos”.

Se quisermos olhar para atual questão dos refugiados, essa dependência mútua torna-se, também, evidente. A crise numa zona do globo acaba por afetar as outras. É aquela velha frase de que “um espirro do outro lado do mundo provoca uma constipação aqui”.

Daí que a solidariedade remeta para outro valor fundamental, o da responsabilidade comum e nos leve à segunda aceção (provavelmente a que vem à cabeça da maioria das pessoas em primeiro lugar): “a atitude responsável que consiste em ajudar as pessoas que têm mais necessidade”.

TODOS PRECISAMOS UNS DOS OUTROS. SIM? NÃO?

É curioso ver a origem da palavra. “Solidariedade” vem do latim, de “solidus”, inteiro, consistente – a mesma origem do adjetivo “sólido”.

No fundo, solidariedade implica solidez, tem subjacente a ideia de união, do conjunto que se une perante um problema que é comum porque se pertence ao mesmo sistema e se partilham interesses.

O reconhecimento de que todos precisamos uns dos outros obriga, por sua vez, a ter presente que nem todos temos as mesmas oportunidades e tentar combater as desigualdades e as injustiças.

A Declaração do Milénio da Organização das Nações Unidas, aprovada em 2000 por 191 países, tem na solidariedade um dos “seis valores fundamentais” para as relações internacionais do século XXI (a par com a liberdade, a igualdade, a tolerância, o respeito pela natureza e a responsabilidade comum) e reflete bem esta noção de desigualdade.

Foi com o intuito de fortalecer essa solidariedade entre nações, povos e indivíduos que, na mesma ocasião, a ONU proclamou o 31 de agosto como o Dia Internacional da Solidariedade (em homenagem à data de fundação do Sindicato polaco “Solidariedade”, em 1980, que teve como principal rosto o Prémio Nobel da Paz Lech Walesa).

A ação será outra das componentes indissociáveis da solidariedade, que não se compadece com passividade ou indiferença. Ser solidário não é apenas dar dinheiro ou ser generoso. É agir, participar na vida em sociedade. Em duas palavras: ser cidadão. E, no final, partilhar em conjunto, também, as vitórias alcançadas.

Estás de acordo? O que é para ti a solidariedade?

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