Consegues ouvir-nos, David Bowie?
A odisseia da lenda do rock chegou ao fim. Estará Bowie lá em cima a ver a “Terra azul”, como o seu Major Tom?
Hoje, no dia em que se soube da morte de um dos maiores nomes do universo pop-rock, apetece regressar ao início.
Não ao início de tudo – a 1947 e a Brixton, o bairro londrino onde Bowie nasceu, nesse ano, com o nome de David Robert Jones, e onde a sua peculiar voz se começou a destacar.
Mas ao seu segundo álbum e ao início da sua ascensão como músico, já com uma marca física muito característica: um olho de cada cor, resultado de um murro no olho esquerdo durante uma luta com um colega de escola.
Em 1969, no ano em que Neil Armstrong pisou a lua, outro astronauta conquistava o mundo: Major Tom, uma personagem inventada por Bowie no tema ‘Space Oddity’, o seu primeiro grande êxito musical.
Bowie inventaria muitas outras personagens (como o enigmático Ziggy Stardust), surpreenderia os fãs a cada passo com um novo alter-ego e um novo estilo musical (não por acaso ficou conhecido como “camaleão do rock”).
Ousado, criativo, visionário, com uma pronunciada veia teatral (que o levou aos palcos, ao cinema, a dar voz a personagens, como a Lord Royal Highness no filme de Bob Esponja, mas sobretudo a deixar-nos fantásticos videoclips), David Bowie foi muito mais do que um músico. Foi um artista completo que inovou na forma de se apresentar em palco.
Alguém escreveu no diário espanhol ‘El País’ que “Se Lady Gaga é como é, isso deve-se basicamente a David Bowie o ter feito antes”.
Mas hoje, dizíamos, enquanto o mundo tenta habituar-se à perda física do artista britânico (com 25 álbuns lançados, o último dos quais na sexta passada, dia do seu 69º aniversário) é a ‘Space Oddity’ que apetece regressar e ouvir uma e outra vez a história de Major Tom, o astronauta que deixa a vida na Terra e parte para uma viagem muito acima da lua, de onde se vê o planeta Terra em tons de azul.
Será que é para lá que foi David Bowie?