O “bosque vertical” chinês vai ter 199 metros de altura
E dar uma ajuda para combater a poluição no país que mais gases com efeitos de estufa liberta.
Quando pensamos em bosques pensamos em extensas áreas arborizadas construídas em terra. Mas esta ideia de bosque parece, aos poucos, começar a ficar incompleta, com o aparecimento de bosques em altura.
Na cidade de Milão, em Itália, existe, desde 2014, um “bosque vertical“, composto por dois edifícios de habitação. O “bosco verticale”, na designação original, foi projetado pelo estúdio do arquiteto italiano Stefano Boeri.
Os dois prédios de habitação que o compõem – e que vês nestas imagens – são chão para 900 árvores (que chegam a alcançar os nove metros de altura) e milhares de plantas e arbustos.
O verde que se espalha pelas duas torres (uma tem 110 metros e 26 andares, outra 78 metros e 18 andares) corresponde a uma área de 7000 metros quadrados de floresta plana e nele vivem 1600 espécies de pássaros, insectos e borboletas.
O arquiteto que os idealizou diz ter chegado a esta ideia ao pensar num “modelo para um edifício residencial sustentável”, “num projeto de reflorestação metropolitano que contribuísse para a regeneração do meio ambiente e da biodiversidade urbana sem a implicação da expansão da cidade sobre o território”.
Esta ideia vai ao encontro de uma necessidade sentida por muitas cidades, que se veem a braços com problemas graves de poluição atmosférica.
Este é um problema comum nas cidades chinesas, onde os habitantes se deslocam muitas vezes com máscaras protetoras das vias respiratórias tal é o nível de poluição do ar.
Segundo o ‘Emission Database for Global Atmospheric Research’, publicado pela Comissão Europeia em finais de 2015, a China é o país que mais emite CO2, responsável por 30% das emissões globais de dióxido de carbono.
Foi justamente para a China que Stefano Boeri projetou já aquele que será o seu maior bosque vertical até ao momento. Ficará pronto já no próximo ano, na cidade de ‘Nanjing’ e é composto por duas torres, tal como o “bosque” de Milão. A torre mais alta irá alcançar os 199 metros (irá alojar um museu, escritórios e uma escola de arquitetura), a mais baixa os 107 (será um hotel e terá uma piscina no topo).
No total, os edifícios vão ser envolvidos por mais de mil árvores e 2500 arbustos e plantas de 23 espécies locais, dando um duplo contributo à qualidade do ar naquela cidade.
Tal como nos edifícios de Milão, a vegetação que irá envolver o edifício foi alvo de um grande trabalho de pesquisa (testadas, por exemplo, para suportarem ventos extremos, de até 190 km/h) e está a ser cultivada em viveiros. Como podes ver na imagem seguinte, as torres têm um sistema de rega integrado. A manutenção desta espécie de jardins suspensos ficará depois a cargo de jardineiros-alpinistas.
Por um lado, vão filtrar o ar e absorver a poluição, por outro vão produzir oxigénio. As ‘Nanjing Green Towers’ (imagem do projeto na foto acima), como serão batizadas, serão capazes de absorver 25 toneladas de CO2 por ano e 60 quilos de oxigénio por dia.
Segundo divulgado pelo estúdio italiano, este será apenas o primeiro de vários bosques verticais que o estúdio Boeri tem em vista contruir em várias cidades chinesas.
Este será mais um contributo ao grande esforço que a China tem feito para aumentar a sua superfície florestal. O país asiático ficou em 1º lugar em políticas de reflorestação, segundo o último estudo da FAO que avalia o estado das florestas no planeta.