Atrás dos Montes, em Bragança, entre História e natureza
Na cidade e à volta, no Parque Natural de Montesinho, não faltam bons programas para fazer. Vai uma aposta?
Se não conheces Trás-os-Montes, Bragança é uma boa porta de entrada na região. Situada no cantinho superior direito do país, é capital de distrito e uma caixinha de surpresas, do património à natureza, da gastronomia às tradições. Ah! E animação não lhe falta, seja pelos espetáculos no moderno Teatro Municipal, ou pelos bares frequentados pelos estudantes do Instituto Politécnico da cidade.
Depois de passares pela Pousada de Juventude a fazer o ‘check-in’ e de aproveitares um pouco os espaços de convívio (nesta altura já se está bem no exterior…) parte a pé para a cidadela. É imponente! Vais ver o Castelo com a sua grande torre quadrangular e a bela muralha com torreões circulares do século XV. Se fores fã de espadas, armas e uniformes, entra na Torre de Menagem para visitares o Museu Militar. Deves mesmo entrar, aliás. Afinal, a defesa está no ADN desta cidade, palco de muitos combates ao longo da história, nomeadamente para estabelecer as linhas de fronteira.
Visitar o coração da cidade é como recuar no tempo. O que chegou até à atualidade permite-nos imaginar como foi a vida ali no passado. Ou tentar imaginar, pelo menos. Um edifício intrigante é a célebre ‘Domus Municipalis’. De arquitetura românica civil, pensa-se ter sido construída no início do século XV. Tem dois espaços diferentes. Em baixo, fica a cisterna, em cima, o belo salão onde a luz entra através de janelas em arco seria o local de reunião dos “homens bons”.
A dois passos fica o Pelourinho, também medieval, assente sobre um “berrão”, uma porca, que remonta aos povos castrejos da proto-história.
Por aqui também encontras outras histórias. Por exemplo, as que se contam no Museu Ibérico da Máscara e do Traje, onde se expõem máscaras, trajes e adereços vários feitos por artesãos dos dois lados da raia e se fica a conhecer melhor as tradições das “Festas de Inverno” desta parte de Trás-os-Montes e da vizinha zona espanhola de Zamora.
E por falar em Museus, em Bragança tens uma mão cheia de bons museus para ver. No Centro de Arte Contemporânea Graça Morais podes conhecer melhor a obra da artista transmontana de renome e ver esta região através dos seus quadros. Se gostas de fotografia, dá um salto ao Centro de Fotografia Georges Dussaud e vale ainda a pena visitar o Museu do Abade de Baçal.
Tanta visita vai abrir-te o apetite e Bragança é um bom sítio para se ter apetite, diga-se. Tens restaurantes aqui que são quase tão conhecidos como os Museus! Por exemplo, o Solar Bragançano, onde muitos pratos se cozinham ainda em potes de ferro no lume. Nas redondezas tens o famoso Careto em Varge ou o não menos célebre Abel em Gimonde. O que pedir? Carne, pois claro. Presunto, alheiras, salpicão, butelo no capítulo do fumeiro, mas também cozido, feijoada à transmontana, naco de vitela, cabrito de Montesinho.
Antes de partires para um dos múltiplos locais que podes visitar fora da cidade, junto de uma natureza que nesta época primaveril é deslumbrante, não te esqueças de visitar é a Sé renascentista de Bragança. Construída no século XVI, foi ocupada por monges jesuítas que fundaram um colégio nas suas instalações. Ostenta um altar dourado e elaboradas pinturas no teto da sacristia, tendo sido elevada a catedral no ano de 1764, quando a diocese foi transferida para Bragança.
Se tiveres vontade de pedalar por Bragança podes pegar numa “xispa”, uma bicicleta elétrica disponibilizada pela Câmara (informa-te na receção da Pousada sobre como podes requisitar uma), e percorrer uma das ciclovias existentes. A do Fervença tem 3710 metros, começa no Instituto Politécnico, segue pela margem direita do rio até à Casa da Seda e ao Centro de Ciência Viva. Em alternativa tens a ciclovia da Mãe de Água, com apenas 1710 metros.
Se tens carro, aventura-te pelo Parque Natural de Montesinho, uma das maiores áreas protegidas de Portugal. As vastas florestas são habitat para muitas espécies, incluindo o lobo, o javali e a águia-real. E, por todo o parque, há aldeias que oferecem uma fascinante combinação de paisagens humanas e naturais. Se queres estar com um pé em Espanha e outro em Portugal e ver aldeias como já há poucas, pergunta por Rio de Onor.
Perto de Bragança, tens ainda a Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo que, para além de um valioso património natural e paisagístico, tem equipamentos para praticar uma série de desportos.
Para conheceres a fauna da região, não há como dares um salto ao espetacular Parque Biológico de Vinhais, onde também há percursos assinalados para fazer caminhadas e observar aves.
Boa viagem!
FOTOS: 1) Castelo; 2) Pousada de Juventude; 3) Domus Municipalis (José António Gil Martínez/Creative Commons); 4) Centro de Fotografia Georges Dussaud; 5) Praça da Sé; 6) Rio de Onor (M. Peinado/Creative Commons).
Pousada de Juventude de Bragança
Preço: Desde 11€/noite
(*) Este artigo foi escrito no âmbito da parceria entre o Jornalíssimo e as Pousadas de Juventude. Todas as terças publicamos um artigo sobre uma Pousada diferente.