A história do teu “Bobi” pode ter começado na Ásia
É no Nepal e na Mongólia que está a origem do cão doméstico, revela um estudo intercontinental.
Toda a gente sabe que o cão é descendente do lobo – pensa-se que do lobo cinzento euroasiático, o ‘Canis lupis’, para sermos mais específicos.
Já quanto à zona do globo em que os cães começaram a tornar-se grandes amigos do ser humano, deixando-se domesticar, há poucas certezas. Tal como em relação ao momento em que isso aconteceu.
Mas talvez tenhamos estado já mais longe de desvendar o mistério…
O último contributo para o solucionar é um artigo que acaba de ser publicado numa conceituada revista científica, a ‘Proceedings of the National Academy of Sciences’. Nele, revelam-se os resultados de uma investigação em que participaram estudiosos de várias partes do mundo.
Os investigadores recolheram e analisaram informação genética de 549 cães, de 38 países, de quase todos os continentes.
Centraram-se sobretudo nos cães sem raça definida, por considerarem que estes animais, ao terem-se reproduzido de forma livre desde sempre, conservam melhor a informação genética da população canina ancestral – a maioria das raças de cães modernas não tem 200 anos, recordam.
Este foi o maior estudo alguma vez feito sobre a diversidade genética canina e os resultados apontam para que os cães domésticos tenham surgido na Ásia Central, no território onde hoje se situa o Nepal e a Mongólia, há pelo menos quinze mil anos.
O investigador principal, Adam Bokyo, do Departamento de Ciências Biomédicas da Cornell University (E.U.A.), quer, no entanto, obter mais dados para consolidar as conclusões.
Bokyo disse, também, estar convencido de que os dados do estudo não iriam ser bem aceites por toda a comunidade científica. E acertou. Outros investigadores, que já se debruçaram sobre este tema, vieram já pôr em causa os resultados.
Robert Wayne sugeriu, em 2013, que o cão doméstico teve a sua origem na Europa há mais de 18 mil anos e, nas páginas do jornal “El Informador”, veio criticar a investigação liderada por Bokyo por ela estar assente em cães do nosso tempo. Wayne tinha sustentado a sua conclusão no estudo do ADN de animais que viveram há mais de mil anos.
Voltando ao estudo agora publicado, a análise genética realizada mostrou que na área geográfica que vai do Egito ao Vietname, os cães revelaram muito poucos traços de origem europeia e, pelo contrário, nos cães da América Latina e do Pacífico Meridional, essa herança europeia era dominante.