A importância histórica e estratégica de Palmira
Património da Humanidade, a cidade síria é um tesouro para o Estado Islâmico, sobretudo pela sua localização geográfica.
Palmira não é só um dos locais arqueológicos mais importantes do Médio Oriente, mas de todo o mundo. Por alguma razão, a cidade com mais de dois mil anos de existência (data do século I a. C.), foi um dos primeiros conjuntos monumentais a ser classificado como Património Mundial pela UNESCO, em 1980.
Situada junto a um oásis, com o deserto como pano de fundo, Palmira assumiu no passado um importante papel como ponto de ligação entre o mundo ocidental e oriental.
A prosperidade, que a imponência das ruínas em pedra deixa adivinhar, deveu-se à centralidade que Palmira teve nas rotas comerciais da época. Em inglês é, ainda hoje, conhecida como a “Veneza do deserto”. No caso de Palmira, compara a BBC, “o deserto era o seu mar e os camelos os seus barcos”.
Governada por comerciantes, a cidade chegou a pertencer ao Império Romano, mas acabou por lutar contra ele, e assumir um estatuto e uma identidade muito própria, que a tornaram única, com influências ocidentais e orientais.
UMA ETAPA NA CONQUISTA DO SUL
Quando o mundo temia já novos vídeos de jihadistas a destruir as ruínas da cidade histórica, o Estado Islâmico comunicou que iria preservar a zona arqueológica, com exceção das estátuas.
Como podes recordar neste artigo, os muçulmanos radicais não toleram a existência de qualquer outro Deus ou ídolo, além de Alá. E não interessa, como é o caso de Palmira, que se trate de imagens veneradas num tempo em que o Islamismo ainda não existia.
Para o Estado Islâmico, a importância de Palmira não é histórica, mas estratégica. Localizada no centro do país, os jihadistas vêem na cidade uma etapa para prosseguir a sua conquista da Síria e chegar à capital, Damasco. Com o norte do país praticamente controlado, os radicais visam agora incorporar o sul da Síria no território do seu auto-proclamado califado que conta já, também, com uma ampla área do vizinho Iraque.
Pelo caminho, o Estado Islâmico tem feito milhares de vítimas – militares sírios que com eles combatem, mas também muitos civis. O governo liderado por Bashar al-Assad não está a conseguir pôr travão ao avanço dos radicais. E a ação dos países ocidentais, unidos numa coligação liderada pelos Estados Unidos, está enfraquecida pelo facto de não haver comunicação com os militares sírios, impossível já que o ocidente se opõe, também, ao regime tirano do presidente sírio al-Assad.
Lê este artigo para perceberes quando e como estalou a guerra na Síria.
A RECUPERAÇÃO PARA A SÍRIA
Quase dez meses depois de ser conquistada pelo Estado Islâmico, os combatentes sírios conseguiram recuperar a sua cidade histórica. Como já se sabia, a promessa dos ‘jihadistas’ de não destruir o património arqueológico de Palmira não foi cumprida. O cenário é devastador. A passagem dos radicais do ‘Daesh’ (o outro nome dado ao Estado Islâmico) destruiu muito mais do que as estátuas.
(Artigo atualizado a 28 de Março de 2016)