Com eleições à porta, a Suécia iniciou um debate sobre o voto aos 16 anos

Quem está a favor diz que o conhecimento dos jovens supera muitas vezes o dos pais.

O ex-ministro da democracia sueco, Jens Orback, e a presidente de uma associação de jovens sueca, Radda Barnen, escreveram um artigo de opinião num importante jornal daquele país, o Dagens Nyheter, a defender que a idade para votar nas eleições municipais deve baixar dos 18 para os 16 anos.

Os argumentos que os autores usam para defender esta ideia são vários. Desde logo, recordam a Convenção sobre os Direitos da Criança (ratificada por todos os países do mundo com exceção dos Estados Unidos).

Este importante documento estabelece que a opinião das crianças deve ser ouvida nas decisões que as afetam. Ora, votar é uma forma de fazer ouvir a opinião das pessoas.

Prós e contras

Quem se opõe ao voto aos 16 anos, argumenta muitas vezes que os mais jovens não se interessam por política e não têm conhecimentos para ter uma opinião formada sobre determinados assuntos.

Orback e Barnen contrapõem a este argumento uma investigação feita pelo Institute for Future Studies, de 2013, que concluía que os jovens estão hoje muitas vezes melhor informados sobre o mundo, a ciência e a política do que os seus país e avós.

Para aqueles dois líderes suecos é importante, ainda, ter em conta que a democracia está a viver um período de declínio. Envolver os jovens nas eleições, dando-lhes a oportunidade de votar, é visto como uma forma de aumentar a confiança desta camada da população nos sistemas democráticos e, também, como uma forma de aumentar o seu interesse pelas questões políticas.

União Europeia incentiva o debate

Na realidade, este debate sobre a diminuição da idade de voto para os 16 anos não é recente. Já em 2015 o Conselho da Europa defendia que havia interesse público em permitir a participação eleitoral aos 16 anos como forma de promover a democracia representativa e criar hábitos de participação na vida pública, diminuindo no futuro as taxas de abstenção.

Este órgão da União Europeia recordava, já então, que o maior acesso à informação por parte dos jovens, graças às tecnologias, fazia com que estivessem muito mais aptos a tomar decisões.

Neste artigo do site oficial da União Europeia, pode ler-se que “ao contrário da velha crença de que os jovens não estão na política, a verdade é que eles têm liderado poderosas lutas por igualdade de género, medidas contra as mudanças climáticas ou pela proibição de estágios não remunerados”.

Voto aos 16 anos nas eleições europeias

Mais recentemente, em março de 2022, o Parlamento Europeu chegou a um compromisso para reduzir para os 16 anos a idade de voto nas eleições europeias em todos os Estados-Membros. Deixou, no entanto, em aberto a possibilidade de cada Estado se opor.

Aqui, no Jornalíssimo, já entrevistámos alguns jovens sobre o que achavam de ser permitido o voto aos 16 anos. A maioria foi contra essa possibilidade. Curiosamente, quando perguntámos aos jovens se se falava muito ou pouco de política na escola, quase todos foram de opinião que se fala pouco e que era importante que se falasse mais.

E tu, que opinião tens sobre esta questão? A idade de voto deveria ou não baixar para os 16 anos? Porquê?

Já agora, sabes em que países o voto é permitido aos 16 anos? Lê este artigo para descobrires e conheceres outra campanha recente para baixar a idade de voto.

Foto:Pxhere