10 Curiosidades sobre a entomofagia
O que é isso? É o consumo de insetos por humanos, recomendado pela Organização para a Alimentação e Agricultura.
Ficas com pele de galinha só de pensar em comer uma formiga, um grilo ou um gafanhoto? Pois fica a saber que, para dois biliões de pessoas em todo o mundo, comer insetos é um gesto banal. Tão banal como comer um bife ou uns filetes de pescada.
Daqui a uns anos, a entomofagia não deverá causar tanta estranheza. Os insetos podem desempenhar um papel fundamental no futuro da humanidade e do planeta.
Daí, a FAO (a Organização para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas) ser uma grande entusiasta do seu consumo e estar atualmente, no âmbito do seu “Programa de Insetos Comestíveis”, a investigar, também, o potencial nutritivo de aracnídeos (aranhas e escorpiões).
Os dados que te apresentamos em seguida foram retirados de um relatório que se chama “A contribuição dos insectos para a segurança alimentar, subsistência e meio ambiente”, da autoria da FAO precisamente.
1) São várias as razões que tornam a criação de insetos para consumo humano altamente recomendável. Comecemos por esta: os insetos são alimentos ricos, fonte de nutrientes e proteínas de alta qualidade. Contêm ácidos gordos (tal como o peixe), fibras e micronutrientes como cobre, ferro, magnésio, manganês, fósforo, zinco e selénio;
2) A produção de insetos tem um impacto mínimo no meio-ambiente. Comparativamente com a pecuária, a produção de insetos liberta entre 10 a 100 vezes menos gases com efeitos de estufa. Consome, também, muito menos água do que a criação de gado. Os insetos têm, face ao gado, outra mais-valia: são muito mais resistentes à seca;
3) O consumo de insetos é visto como uma resposta recomendável ao aumento da população (estima-se que, em 2030, o mundo tenha 9 biliões de habitantes) e, logo, à crescente necessidade de alimentos. Os insetos deverão, também, ser cada vez mais usados na alimentação animal, pois a produção de rações para animais representa também sérios danos para o meio-ambiente;
As baratas-de-água fritas são um prato típico tailandês (o ‘mang-dah’). Este jovem turista decidiu provar a iguaria e partilhar a sua apreciação: “A barriga é cremosa, sabe a ovos mexidos. O tórax é um pouco esponjoso e a casca não tem sabor e não é comestível”. | Foto: Alpha/Creative Commons
4) Os insetos representam um pequeno risco de transmissão de doenças para humanos, se comparados com mamíferos e aves. O seu consumo pode provocar alergias, tal como acontece já com outros invertebrados que estamos mais habituados a consumir, os crustáceos;
5) Há já quase 2000 espécies de insetos a serem consumidas por humanos. Deixamos-te aqui a lista das que ocupam os primeiros lugares na tabela: em 1º lugar surgem os besouros (ordem Coleoptera, a ordem com maior número de espécies); em 2º as larvas de borboleta (ordem Lepidoptera); seguem-se, em 3º lugar, as abelhas, vespas e formigas (ordem Hymenoptera), em 4º gafanhotos e grilos (ordem Orthoptera) e, no 5º posto, surgem as cigarras e os percevejos (ordem Hemiptera).
6) O principal obstáculo à introdução de insetos na nossa alimentação quotidiana prende-se com a aversão dos consumidores. A FAO julga que, da mesma forma que, por exemplo, o peixe cru, através do sushi, entrou nas nossas vidas, os insetos também podem entrar;
Este senhor está a provar uma espetada de insetos fritos na China, em Jinan (na província de Shandong). Comenta que as larvas incham ao fritar. Apesar da expressão, parece até ter gostado da experiência: “A casca é um pouco difícil de comer, mas salgada e gordurosa… yam! As partes interiores são uma espécie de coalhada, branca e macia, com sabor suave, tipo tofu. O bicho-da-seda tem um sabor bem mais amargo”. Foto: Steven & Courtney Johnson & Horwitz/Creative Commons
7) Não fiques assustado, vais ter algum tempo para te mentalizar, pois os níveis de produção de insetos são ainda muito reduzidos. É preciso tornar a sua produção mais industrializada e também regulamentar este sector, definir normas de produção e comercialização, tal como acontece com os restantes bens alimentares;
8) A criação de insetos como “rebanhos” tem tendência, assim, a crescer (atualmente a maioria da colheita é feita diretamente na natureza, principalmente em florestas) e é benéfica: permite uma produção sustentável, sem por em risco as espécies, e pode, ainda, constituir-se como uma forma de obtenção de rendimentos para muitas pessoas;
9) O consumo de insetos não é, ao contrário do que possas pensar, uma questão de absoluta necessidade. Muitos destes bichos – assegura quem provou – têm um sabor delicioso e são verdadeiras iguarias. No sudoeste asiático, os ovos das formigas-tecelãs, por exemplo, alcançam preços elevados;
10) Os insetos podem ser consumidos inteiros, mas também moídos, processados em pó ou em pasta para serem incorporados noutros alimentos.