Nobel: os prémios que nasceram de um explosivo
Têm o nome do inventor da dinamite e foram criados para compensar as mortes que o composto de nitroglicerina provocou.
Se já visitaste Estocolmo, talvez conheças bem a curiosa história dos Prémios Nobel, que já distinguiram nomes como Einstein, Fleming, Marie Curie, Luther King, Mandela, Obama ou Saramago.
No centro da capital sueca, há um museu inteiramente dedicado a eles, onde se conta como surgiram e se recordam todos aqueles que foram distinguidos com o galardão desde 1901, ano em que os Nobel foram atribuídos pela primeira vez.
Todos os anos, em outubro, o mundo aguarda com expectativa o nome dos escolhidos por um júri de especialistas suecos, responsável por eleger quem, em todo o mundo, mais contribuiu para a Humanidade em seis áreas – Física, Química, Medicina ou Psicologia, Literatura, Paz e Economia.
Os laureados recebem o prémio em Estocolmo, a 10 de dezembro, o dia do aniversário da morte de Alfred Nobel.
Químico, cientista, industrial e inventor (para além da dinamite, registou mais 354 patentes), Nobel deixou, em testamento, uma boa parte da sua fortuna para a criação de um prémio que distinguisse tanto pessoas como organizações que, com o seu trabalho, tivessem dado no ano anterior um contributo importante ao mundo.
A fortuna de Alfred Nobel era imensa. A invenção da dinamite, a partir da nitroglicerina (um líquido oleoso, parecido com o mel), mudou-lhe a vida. Para o bem e para o mal.
Em 1863, soube as potencialidades explosivas do composto que inventou da pior forma – uma explosão matou o seu irmão mais novo e quatro funcionários do seu laboratório. Ainda assim, Nobel prosseguiu as experiências e descobriu um modo de tornar o composto mais estável.
Por outro lado, a dinamite ajudou Nobel a construir uma imensa fortuna. O cientista queria que a invenção fosse apenas usada com fins positivos, nas indústrias da construção, em obras de engenharia, em minas. Mas a dinamite acabaria por ser aproveitada, também, pela indústria bélica, nomeadamente na I Guerra Mundial, tendo-se convertido numa poderosa arma mortífera.
Apaixonado por literatura e por poesia, Nobel era também um pacifista, a quem não terá sido fácil lidar com o poder maligno da sua própria invenção.
Os prémios que instituiu foram, de certa forma, uma maneira de reparar esse lado mortífero da dinamite. O desejo manifestado por Nobel em testamento, porém, demorou ainda cinco anos a concretizar-se, pois a família opôs-se a cumprir o seu desejo de fundar os Prémios.
Além de uma prestigiante medalha, os laureados recebem um milhão de euros, montante que normalmente utilizam para prosseguir o trabalho que desenvolvem, promovendo estudos, investigações ou obras sociais.
No site oficial do Museu tens jogos científicos que ajudam a perceber melhor muitas das invenções distinguidas ao longo de todos estes anos.
SABIAS QUE?
– Malala Yousafzai foi a galardoada mais jovem de sempre. Recebeu o Nobel da Paz em 2014, quando tinha apenas 17 anos. A média de idades dos premiados situava-se, há um ano, nos 59 anos;
– houve apenas dois portugueses a receberem Prémios Nobel: Egas Moniz recebeu, em 1949, o Prémio Nobel da Medicina por uma técnica de operação ao cérebro denominada lobotomia; José Saramago recebeu, em 1998, o Prémio Nobel da Literatura;
– Marie Curie foi a única mulher a vencer duas vezes um Prémio Nobel, um da Física, partilhado com o marido, Pierre Curie, e outro da Química;
– o Prémio Nobel da Economia não foi estabelecido por Alfred Nobel. Foi criado em 1968 pelo Banco Central Sueco em memória do cientista e seguindo os mesmos princípios dos restantes.