Direito de Resposta
Enviado pela Direção Editorial do Público ao Jornalíssimo por causa do artigo “Manuel Carvalho e a Direcção do PÚBLICO mentiram aos leitores”.
Nos termos do disposto no n.º 6 do artigo 26º da Lei da Imprensa, a Direcção Editorial do PÚBLICO requer o exercício do Direito de Resposta ao artigo “Manuel Carvalho e a Direcção do PÚBLICO mentiram aos leitores”, publicado na homepage do jornal Jornalíssimo no dia 23 de Outubro. No cumprimento da lei, esse exercício deve garantir a mesma exposição e visibilidade do texto agora respondido.
Público, as “mentiras” e as teorias da conspiração
Joana Fillol acusa a Direcção Editorial do PÚBLICO de ter “escondido” um caso de plágio do jornalista Vitor Belanciano. No artigo que assina no Jornalíssimo do dia 23 de Outubro, escala até à calúnia, acusando a Direcção Editorial do PÚBLICO de “mentir” aos seus leitores. Para lá do incumprimento de normas elementares da deontologia profissional nesse artigo, como o dever do contraditório, que pretendia exercer depois das acusações caluniosas estarem publicadas, ou de usar mensagens privadas sem o devido consentimento, a jornalista constrói a sua narrativa numa sucessão de conjecturas para, de forma ardilosa, as tentar transformar em factos. É a sua desmontagem, a defesa do nosso bom nome e, por extensão, do bom nome do PÚBLICO que justificam este Direito de Resposta.
1 – Pretender que a ausência do plágio na agenda reunião do Conselho de Redacção de 20 de Setembro equivale a um encobrimento revela apenas ignorância. Esse Conselho reuniu com uma agenda previamente acordada, pronuncia-se essencialmente sobre decisões executadas e nesse momento a Direcção Editorial tinha apenas acordado que o caso do plágio seria publicamente exposto e assumido.
2 – Extrair daí uma teoria de encobrimento revela uma ideia errada do PÚBLICO. Acreditar que um plágio podia ser “encoberto” numa redacção onde prevalece a autonomia e liberdade crítica, não é apenas fantasia e ignorância: é um atestado de indigência aos jornalistas do PÚBLICO.
3 – Um caso grave como um plágio requer uma gestão na qual a pressa não pode sobrepor-se à sensatez. Exige tempo, reflexão e equilíbrio – em causa não está apenas a credibilidade do jornal, mas também a vida pessoal e profissional de um jornalista. A autora do artigo aqui respondido preferia uma execução sumária. Está no seu direito. A Direcção do PÚBLICO rege-se pelo seu tempo, não pela cronologia de Joana Fillol.
4 – Desde o primeiro momento que se decidiu que a divulgação pública do plágio seria feita na coluna do Provedor por uma razão singela: a denúncia foi feita também ao Provedor – Joana Fillol sabia desta opção pela correspondência privada que abusivamente publicou. Foi igualmente decidido, e posteriormente comunicado ao Conselho de Redacção, que este órgão só se deveria pronunciar depois da resposta pública da Direcção.
5 – Por razões que não dependem de nós, o Provedor não acolheu a denúncia na coluna que escreveu imediatamente a seguir. Quando o decidiu fazer, estava lá a resposta da DE onde se admitia o plágio, se censurava o jornalista que o cometeu e se pediam desculpas aos leitores.
6 – Escreve Joana Fillol que a crónica do plágio devia ter sido apagada. Não concordamos: não se apaga o corpo de um delito. Devia-se, sim, ter acrescentado a essa crónica uma nota dando conta da sua contaminação e assinalando as partes do texto contaminadas. Fizemo-lo tarde e assumimos publicamente a falha. Partir daqui para chegar à conclusão que a DE “mentiu” ou “escondeu” é infame.
7 – A jornalista insiste que o director “mente” quando, na notícia sobre a abertura de um procedimento de averiguações “afirma não ter conhecimento de mais do que um plágio de Vítor Belanciano”. Em causa estava um suposto plágio do jornalista em 2009. Ora, a DE não faz julgamentos precipitados e fez o que eventualmente Joana Fillol não fez: analisou o caso judiciosa e conscientemente. E considera que, apesar da “semelhança da exposição e a coincidência de vocábulos” notada pelo Provedor Joaquim Vieira, em 2009 não houve plágio.
8- Depois, quando se soube de novos plágios, esses sim incontestáveis, a DE comunicou aos seus leitores que “o que se acreditava ser uma falha deontológica incidental transformou-se num quadro de incumprimento reiterado dos deveres éticos de um jornalista”. E agiu em conformidade, suspendendo preventivamente o jornalista – que, entretanto, saiu dos quadros do jornal.
9 – O PÚBLICO convive bem com o escrutínio e com a crítica. Mas uma coisa é apontar falhas processuais, outra é fazer julgamentos éticos. Dizer que a DE “mentiu aos leitores” é mentira. E como agravo, uma mentira publicada num jornal dedicado às “Crianças, Jovens e Notícias”, financiado pelos impostos dos contribuintes, onde a jornalista se entretém a exercitar a sua pulsão justiceira inquinada por uma mundivisão a preto e branco.
A Direcção Editorial do PÚBLICO
NOTA AOS LEITORES DO JORNALÍSSIMO, ESCRITA PELO JORNALÍSSIMO/JOANA FILLOL: Não nos sendo possível responder de imediato a este Direito de Resposta exigido pela Direção Editorial do Público – composta por Manuel Carvalho, Amilcar Correia, Andreia Sanches, David Pontes e Tiago Luz Pedro – ao Jornalíssimo (porque o Jornalíssimo é, para nós, um trabalho feito com muito gosto, mas no nosso tempo livre – Joana Fillol tem uma bolsa de doutoramento atribuída pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e trabalha a tempo inteiro no seu projeto, intitulado “Crianças, jovens e notícias: criação de um espaço online de informação jornalística para e com o público infantojuvenil”), prometemos fazê-lo logo que tenhamos disponibilidade de tempo. Considerámos não dever fazer esperar a publicação deste Direito de Resposta pela nossa impossibilidade de lhe dar resposta de momento. Um esclarecimento rápido apenas para já: o Jornalíssimo é pago pelo dinheiro de uma única contribuinte, Joana Fillol. Nos últimos 40 meses, a publicidade do Google Adsense que surge no site rendeu-lhe uma quantia de €1,5 por mês em média, o que não chega para pagar a compra do domínio anual do site e os gastos necessários para a sua manutenção à empresa de construção de sites a que o Jornalíssimo recorre.
Foto: Jornalíssimo (na imagem: em cima, o diretor do Público, Manuel Carvalho; em baixo, da esquerda para a direita, os diretores-adjuntos: Amílcar Correia, Andreia Sanches, David Pontes, Tiago Luz Pedro).