Os videojogos podem ajudar nos estudos

Na escola, elas são melhores do que eles em quase tudo, exceto no pensamento matemático e científico.

O que é que os jogos têm a ver com esta história? Já lá vamos. Primeiro importa contextualizar. Os resultados que aqui se apresentam foram revelados há poucos dias pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) e têm por base os estudos PISA realizados em 2012 em 64 países, entre os quais Portugal, Brasil e Espanha.

O PISA, Programa Internacional de Acompanhamento das Aquisições feitas pelos alunos, foca-se sobretudo em estudantes com 15 anos de idade, procurando medir as suas competências a nível de leitura, matemática e ciência.

Já o estudo agora apresentado, “O ABC da Igualdade de Género na Educação: Aptidão, Comportamento, Confiança”, pretendia, sobretudo, notar as diferenças de género na educação e o que está por trás delas.

O PESO DOS ESTEREÓTIPOS

Apesar da convicção da OCDE de que, perante iguais oportunidades, rapazes e raparigas pode alcançar os mesmos resultados, as conclusões mostram que ainda há diferenças entre os dois sexos em matéria de educação.

Elas têm um melhor desempenho escolar, menos propensão para abandonar os estudos, mas continuam a optar menos do que eles por cursos ligados à ciência.

As razões apontadas para as diferenças são várias. Por um lado estão estereótipos passados por pais, professores e pela própria escola. Por outro, está o comportamento.

Os rapazes dedicam menos uma hora por semana a fazer os trabalhos de casa comparativamente com o sexo oposto; elas leem muito mais por prazer do que eles e, no que diz respeito aos videojogos, eles são campeões.

“E SE ERRAR? TENTAS DE NOVO”

Outra diferença significativa encontra-se nos níveis de autoconfiança. Em geral, elas são muito menos autoconfiantes do que eles nas suas capacidades para resolver problemas de matemática e ciência.

Esse parece ser um dos motivos para que o desempenho deles nessa área seja melhor. O estudo diz que “quando os estudantes têm mais autoconfiança, dão-se a eles próprios a liberdade de falhar. Envolvem-se, assim, em processos de tentativa e erro, essenciais para adquirir conhecimentos em matemática e ciências”.

Um dado curioso é que, apesar das meninas estarem à frente no que toca a resolver problemas matemáticos e científicos trabalhados na escola, ficam atrás dos rapazes quando são chamadas a aplicar os conhecimentos científicos a uma determinada situação, como “descrever ou interpretar fenómenos cientificamente e prever as mudanças”.

BENÉFICOS, MAS COM LIMITES

Onde é que entram os videojogos? Eles são uma das hipóteses avançadas pelos investigadores para justificar melhores resultados do sexo masculino no campo da matemática, ciência e na capacidade de resolver problemas.

Não são todos os jogos. Os resultados do estudo são claros ao concluir que “jogar individualmente videojogos entre uma vez por dia e uma vez por mês tem benefícios na matemática, leitura, ciência e resolução de problemas”.

Segundo a média da OCDE, 61% dos rapazes jogam frequentemente videojogos nos tempos livres contra 41% das raparigas. A diferença é ainda maior quando o que está em causa é jogar colaborativamente on-line: 51% dos rapazes joga frequentemente contra apenas 27% das raparigas.

O estudo revela, porém, que o jogo em rede on-line está associado a piores prestações nos exames.

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