O que é o Estado Islâmico?
Um olhar sobre o grupo terrorista e o seu líder, al-Baghdadi, um dos homens mais procurados do mundo.
Segundo o diário italiano La Repubblica, o Estado Islâmico, um estado que não é reconhecido internacionalmente e se autoproclamou como um califado em julho de 2014, remonta a 2003.
Foi nesse ano que os Estados Unidos (então sob o comando de George W. Bush) e o Reino Unido iniciaram a Guerra do Iraque, alegando que o país estava a produzir armas de destruição maciça que ameaçavam a segurança mundial.
A origem do grupo radical, capaz de uma violência extrema, que aterroriza o Iraque, a Síria e, mais recentemente, também o ocidente, começa aí, como reação à ocupação do Iraque, embora não tivesse então a designação de Estado Islâmico.
De formiga a gigante
Inicialmente, era apenas uma pequena milícia, um conjunto de homens armados que lutavam voluntariamente. Com o tempo, tornaram-se num dos mais perigosos grupos terroristas do mundo. Estima-se que a organização conte, hoje, com milhares de combatentes nos dois países.
Os membros do Estado Islâmico têm uma interpretação radical do Alcorão, o livro sagrado do Islamismo, e querem impô-la à força a todos os muçulmanos, sejam eles sunitas ou xiitas. Clicando aqui podes ler um artigo sobre a diferença entre estas duas grandes “famílias” que existem no seio do Islão.
Graças a batalhas violentas, o grupo (constituído por sunitas radicais, que vêem os xiitas como infiéis e um alvo a abater) foi-se apropriando de diversas regiões da Síria e do Iraque, impondo a sua autoridade e a obediência ao seu chefe, Abou Bakr Al-Bahdadi. É importante salientar que a maioria dos muçulmanos, mesmo os sunitas, não concordam com a forma como o Estado Islâmico encara a religião.
Sobre o líder do grupo (na foto), pouco se sabe. Pensa-se que nasceu em 1971 e acredita-se que nem seja este o seu nome verdadeiro. Há, porém, uma certeza: é ele a mente por trás da organização Estado Islâmico, apontada como o grupo jihadista mais rico do mundo.
Como financia ele as suas batalhas?
O petróleo é a principal fonte de financiamento e, por isso, os ataques que leva a cabo são planeados estrategicamente, com vista a conquistar poços de petróleo. Mas há outros meios, todos ilegais, como sejam o roubo de armas ao exército norte-americano ou os resgates obtidos por meio de sequestros.
Outro elemento fundamental na construção do Estado Islâmico é a propaganda. O grupo serve-se habilmente da internet para espalhar a sua mensagem e aliciar combatentes em todo o mundo. Essa é uma grande preocupação dos Estados ocidentais, onde muitos jovens perdidos se deixam seduzir por essa propaganda e aceitam combater em nome do Estado Islâmico.
O jornal britânico The Guardian estima que sejam 12 mil os ocidentais que se juntaram às fileiras do grupos extremistas na Síria, entre os quais o Estado Islâmico. Muitos deixam-se enganar pelas mensagens que o grupo veicula pela internet, onde transmite a imagem que combate em nome de valores nobres, contra a injustiça. Causas falsas, mas que enganam muitos jovens ocidentais à procura de um ideal pelo qual combater. Se te interessas pelo tema, lê este artigo, onde se explica o que leva tantos jovens europeus a juntar-se ao Estado Islâmico.
Até hoje, estima-se que mais de 230 mil pessoas tenham sido mortas pelo Estado Islâmico só na Síria e, também aí, mais de dois milhões tenham sido forçados a abandonar o país rumo aos países vizinhos e à Europa, pedindo o estatuto de refugiado e arriscando muitas vezes a vida na travessia do Mediterrâneo.
Antes de terminar, lembramos apenas que, antes de se ter autoproclamado um califado (este tipo de governo liderado pelo califa, que combina a liderança política e religiosa, tinha desaparecido daquela região no início do século XX), o grupo Estado Islâmico teve outras designações, como ISI (Estado Islâmico do Iraque) e ISIS (Estado Islâmico do Iraque e da Síria).
(Artigo atualizado a 15/11/2015)